Conheça o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra!

Saiba mais sobre o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, tema relevante para a promoção da saúde pública e da cidadania.
Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra: médica negra em consultório

O Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra é uma data importante para conscientizar a sociedade sobre as desigualdades raciais que afetam a saúde — e o bem-estar — dos negros e negras no Brasil. 

Neste artigo, vamos abordar os principais desafios e propostas para garantir o acesso universal e equitativo aos serviços de saúde, respeitando a diversidade cultural e as especificidades dessa população. 

Acompanhe a leitura e saiba mais sobre o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, um tema relevante para a promoção da saúde pública e da cidadania no país. Você sabe quais são as principais demandas da população negra em relação à saúde? Confira!

Quando é o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra?

O Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra existe desde 2007 e é celebrado no dia 27 de outubro. Desde então, essa data tem como objetivo alertar a população sobre as dificuldades de acesso à saúde pela população negra.

Para celebrar a data, se busca promover ações que garantam o acesso universal e equitativo de serviços da área. Continue o texto para entender como se dá essa disparidade e, principalmente, como a saúde e os recortes sociais se comunicam.

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Qual a importância da mobilização pró-saúde da população negra?

A população negra é uma das mais afetadas pelas desigualdades sociais e raciais no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), os negros representam 56% da população brasileira, mas também são maioria entre os pobres, os desempregados, os analfabetos e as vítimas de violência. 

Essa situação se reflete na saúde, onde os negros sofrem mais com doenças crônicas, infecções, mortalidade infantil e materna, entre outros problemas.

Por isso, é fundamental que haja uma mobilização pró-saúde da população negra, que envolve tanto ações do poder público quanto da sociedade civil. Tais mobilização deve ter como objetivos centrais:

  • Garantir o acesso universal e equitativo aos serviços de saúde, respeitando as especificidades culturais e étnicas dos negros;
  • Combater o racismo institucional e a discriminação nos espaços de saúde, promovendo a valorização dos profissionais negros e a educação permanente dos demais;
  • Fortalecer as políticas de promoção da saúde e prevenção de doenças, com ênfase nas condições sociais e ambientais que afetam a saúde dos negros;
  • Ampliar a participação e o controle social das políticas de saúde, estimulando a organização e a mobilização dos movimentos negros e de outras entidades representativas; e
  • Reconhecer e valorizar os saberes e as práticas tradicionais de saúde dos povos negros, como a medicina popular, as religiões de matriz africana e os quilombos.

A mobilização pró-saúde da população negra é uma forma de lutar por justiça social, direitos humanos e cidadania. É também uma maneira de contribuir para a construção de um sistema de saúde mais democrático, inclusivo e efetivo para todos.

Leia também: Entenda o que é e como construir uma educação antirracista em sua instituição de ensino!

Um panorama sobre a saúde da população negra no Brasil

A saúde da população negra no Brasil é um tema de grande relevância, afinal, esse é o grupo majoritário no país. Dados indicam que essa população é mais vulnerável a certas condições de saúde, como anemia e hipertensão. 

Em 2009, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com a finalidade de dar mais visibilidade a ela e disponibilizar informações para a atuação dos governos. A partir daí, mais dados puderam ser obtidos e a situação foi melhor compreendida.

Um estudo revelou que, durante a pandemia do coronavírus, 47,6% das mortes entre a população negra ocorreram por causa da Covid-19, enquanto entre a população branca foram 28,1%.

Além disso, a mortalidade materna entre mulheres negras é alarmante. Dos 1.204 óbitos maternos registrados entre 2020 e 2021, em decorrência da doença, 56,2% foram de mulheres pardas e pretas.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio é 45% maior entre jovens negros, em relação aos brancos. Outros apontam que 24,9% dos adultos negros relataram hipertensão arterial e 82,5% alegaram fazer tratamento médico. 

O diagnóstico de diabetes estava presente em 7,6% dos adultos negros, dos quais 88,4% faziam tratamento para a doença4.

Esses dados ressaltam a necessidade de políticas públicas efetivas, que melhorem a saúde da população negra no Brasil. A conscientização e o acesso à informação são fundamentais para promover a equidade racial na saúde.

Conheça as doenças que mais afetam a população negra

A população negra é mais vulnerável a algumas doenças que podem comprometer a sua qualidade de vida — e até mesmo a sua sobrevivência! Agora, vamos conhecer quais são essas enfermidades, as suas causas e como preveni-las ou tratá-las. Acompanhe!

Anemia falciforme

A anemia falciforme é uma doença genética que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, fazendo com que eles tenham uma forma irregular e dificultem a circulação sanguínea. Essa condição pode causar dores intensas, infecções, problemas nos órgãos e até mesmo acidentes vasculares cerebrais. 

A anemia falciforme é mais comum em pessoas de origem africana ou afro descendentes, pois é uma forma de adaptação ao parasita da malária, que é endêmico em algumas regiões da África.

Hipertensão arterial

A hipertensão arterial é outra doença que afeta mais a população negra do que a branca. Ela é caracterizada pelo aumento da pressão do sangue nas artérias, o que pode sobrecarregar o coração e os rins, além de potencializar o risco de infarto e derrame. 

A hipertensão tem vários fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, estresse, consumo excessivo de sal e álcool, tabagismo e histórico familiar.

No entanto, alguns estudos sugerem que a população negra tem uma maior sensibilidade ao sal e uma menor produção de óxido nítrico, uma substância que ajuda a relaxar os vasos sanguíneos.

Diabetes mellitus tipo 2

A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença crônica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, o que pode causar complicações como cegueira, insuficiência renal, amputações, doenças cardiovasculares e neuropatias. 

Ela está relacionada com a resistência à insulina, um hormônio que facilita a entrada da glicose nas células. A resistência à insulina pode ser causada por fatores genéticos, ambientais e comportamentais, como obesidade, má alimentação, sedentarismo e estresse. 

A população negra tem uma maior predisposição genética à diabetes tipo 2, além de estar mais exposta a condições socioeconômicas desfavoráveis que dificultam o acesso à saúde e à alimentação adequada. 

Estas são algumas das doenças que mais afetam a população negra. Para preveni-las ou tratá-las, é fundamental buscar orientação médica regularmente, adotar hábitos saudáveis de vida e combater o racismo e as desigualdades sociais que prejudicam a saúde de grande parte da sociedade.

Como o racismo estrutural influencia na saúde da população negra?

Uma das formas mais evidentes de como o racismo estrutural influencia na saúde da população negra é a desigualdade no acesso aos serviços de saúde. Segundo dados do IBGE, em 2019, 12,7% dos negros não tinham plano de saúde, contra 7,5% dos brancos. 

Além disso, os negros enfrentam mais dificuldades para conseguir atendimento médico, exames e medicamentos, e sofrem mais com a falta de infraestrutura e equipamentos nas unidades de saúde. 

Outro aspecto que revela o impacto do racismo na saúde dos negros é a maior vulnerabilidade a doenças e agravos que poderiam ser prevenidos ou tratados adequadamente. 

Por exemplo, os negros têm maior prevalência de hipertensão arterial, diabetes, anemia falciforme e tuberculose, e apresentam maiores taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares, câncer, HIV/AIDS e violência.

Além dos fatores socioeconômicos e ambientais que contribuem para essa situação, há também uma questão de invisibilidade e desrespeito à diversidade étnico-racial. 

Muitas vezes, os profissionais de saúde não reconhecem as especificidades e as demandas da população negra, e reproduzem estereótipos e preconceitos que podem comprometer o diagnóstico, o tratamento e a relação terapêutica. Portanto, é fundamental que se debate e que se combata o racismo estrutural na saúde.

Isso pode ser feito por meio de políticas públicas que garantam o acesso universal e equitativo aos serviços de saúde, que valorizem as práticas e saberes tradicionais da população negra, e que promovam a educação permanente dos profissionais de saúde para o enfrentamento do racismo e a promoção da igualdade na saúde.

Leia também: Entenda a diferença entre injúria racial e crime de racismo

O que é o racismo institucional e como ele se manifesta na saúde? 

Uma das formas mais graves de violência contra a população negra é o racismo institucional, que se manifesta nas estruturas e práticas de organizações públicas e privadas que reproduzem desigualdades e discriminações raciais. 

Continue a leitura e entenda como essa forma de racismo influencia na saúde da população negra, tanto física quanto mentalmente.

O racismo institucional na saúde se expressa de diversas maneiras, como na falta de acesso a serviços de qualidade, na negação de direitos, na invisibilização de demandas específicas, na desvalorização de saberes tradicionais e na violência obstétrica. 

Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) “A Década Internacional de Afrodescendentes”, a população negra enfrenta barreiras para obter diagnósticos precisos, tratamentos eficazes e prevenção de doenças.

Além disso, o racismo institucional afeta a saúde mental da população negra, gerando sofrimento psíquico, estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima. 

O racismo é uma forma de violência simbólica que atinge a subjetividade e a identidade dos indivíduos e grupos negros. Dificultando o reconhecimento e a valorização de suas potencialidades e capacidades.

O racismo institucional também afeta os determinantes sociais da saúde da população negra, como a educação, a renda, a moradia, o saneamento, a segurança e o meio ambiente. Esses fatores influenciam diretamente na exposição a riscos e vulnerabilidades, na qualidade de vida e na expectativa de vida. 

Portanto, é fundamental reconhecer e combater o racismo institucional como uma forma de violação dos direitos humanos e como um obstáculo para a promoção da saúde integral da população negra. 

Para isso, é preciso fortalecer o controle social, a participação popular e a educação em saúde com enfoque na diversidade racial e cultural.

E como está a saúde mental da população negra?

A população negra no Brasil enfrenta diversos desafios que afetam a sua saúde mental, como o racismo, a violência, a pobreza e a exclusão social. Esses fatores geram estresse, ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos que prejudicam a qualidade de vida e o bem-estar destas pessoas.

Segundo dados do Ministério da Saúde, os negros representam 67% dos casos de depressão e 65% dos casos de ansiedade no país. Além disso, eles têm maior risco de desenvolver doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade, que também podem afetar a saúde mental.

Para enfrentar essa situação, é preciso promover ações que valorizem a cultura e a identidade negra, que combatam o preconceito e a discriminação, que garantam o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à cidadania, e que fortaleçam as redes de apoio e de cuidado entre as comunidades negras.

Também é importante incentivar a busca por ajuda profissional quando necessário, pois muitas vezes há resistência ou falta de informação. 

A rede pública de saúde oferece atendimento gratuito por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são unidades especializadas em saúde mental que contam com equipes multidisciplinares formadas por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, entre outros profissionais.

A saúde mental da população negra é um tema urgente e relevante que precisa ser abordado com respeito, sensibilidade e responsabilidade. Afinal, cuidar da saúde mental é cuidar da vida.

Leia também: Conheça a importância da literatura negro-brasileira para a construção de uma educação antirracista

Qual a importância do recorte étnico-racial na saúde?

Fazer recortes na saúde significa delimitar um aspecto específico de um problema ou de uma população, dando uma análise com mais profundidade e precisão. Sendo assim, essa prática é importante para identificar as causas, as consequências e as soluções mais adequadas para cada situação e grupo social.

Fazer recortes na saúde permite reconhecer as diversidades e as desigualdades que existem entre os diferentes grupos sociais — e como elas afetam a saúde.

Por exemplo, podemos fazer um recorte na saúde e investigar como a raça, o gênero, a classe social e a orientação sexual interferem no acesso aos serviços de saúde, na qualidade do atendimento, na incidência de doenças e na expectativa de vida das pessoas.

Portanto, fazer recortes na saúde é uma forma de ampliar o conhecimento sobre a realidade, de respeitar as diferenças e de promover a equidade em saúde. Assim, é possível oferecer condições e tratamentos mais benéficos para cada cidadão e indivíduo.

Esperamos que este artigo tenha contribuído para a sua conscientização sobre a importância do Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. Se você quiser saber mais sobre esse tema, continue no blog e veja o que é discriminação racial, como combatê-la e o que diz a lei sobre o tema!

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