Carolina Costa Cavalcanti e a Aprendizagem Socioemocional

Confira a conversa com Carolina Costa Cavalcanti sobre seu novo livro, Aprendizagem socioemocional com metodologias ativas!
Carolina Cavalcanti: imagem de professora idosa em biblioteca

A autora e professora Carolina Costa Cavalcanti atua na Fundação Dom Cabral, na USP/Esalq e no Instituto Singularidades. Além disso, participa de pesquisas sobre Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP e da Rede Panamericana de Problem Based Learning (PANPBL) e Metodologias Ativas de Aprendizagem.

Fundadora e diretora da Inova-Ação Educacional, a pesquisadora propõe que espaços educacionais, sejam eles escolares, acadêmicos ou corporativos, se beneficiem de estratégias mais completas, humanas e voltadas para o desenvolvimento socioemocional

Em seu novo livro, Aprendizagem socioemocional com metodologias ativas, a autora volta o olhar para a figura do educador e reflete sobre como o desenvolvimento dessas habilidades traz benefícios para a atuação profissional, o crescimento pessoal e as relações didáticas.

Confira a conversa com Carolina nesse episódio do podcast Bom Saber, criado pela Saraiva Educação para conhecer melhor o trabalho de nossos autores!

Bom Saber:  Carolina, fale um pouco sobre a sua carreira, como foi o caminho e a sua jornada para chegar até aqui e publicar essa obra incrível. 

Muito bem, eu sou pedagoga e jornalista, mas sempre me interessei por modelos de educação mais inovadores, mais centrados na participação, no protagonismo de quem aprende. Esse foi meu tema de pesquisa no mestrado; no doutorado estudei como o campo do design pode nos ajudar a inovar na educação

Durante o processo, fui percebendo que para além de conhecer as metodologias que podem permitir maior protagonismo para o aprendiz ou para profissional, além de técnicas, além de estratégias, era necessário olhar para questões anteriores.

Foi aí que surgiu o interesse de estudar com mais profundidade essa questão do desenvolvimento socioemocional. Não é um assunto novo, o tema já está em pauta nas organizações, quando falamos de soft skills.

A própria legislação brasileira traz, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a questão de desenvolvimento de competências.

Só que nós olhamos muito para quem aprende, não tanto para o educador, certo? Para aquele que pensa nos programas, que está ali facilitando as experiências. Então, a partir de escutas e desafios que eu encontrei quando trabalhava com esses grupos de educadores, eu percebi que essa era uma temática que poderia ser explorada partindo do ponto de vista de quem trabalha com educação. 

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Bom Saber: O que são essas metodologias ativas, Carolina? 

Viemos de uma cultura de universidade, de educação corporativa muito voltada para a entrega de conteúdos. E isso permeou por muito tempo os modelos de educação. 

Ao estudar a aprendizagem humana, percebemos como conseguimos ter melhores resultados quando as pessoas são convidadas a participar de forma ativa desse processo por meio de debates, de desenvolvimento de projetos e de colaboração. De instrumentos que ajudam a transformar a aprendizagem mais visível. Tudo isso permite que a aprendizagem seja mais significativa e efetiva também. 

Então, as metodologias ativas são técnicas, estratégias, métodos que permitem que o centro do processo seja direcionado para a pessoa que aprende. 

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Bom Saber: A participação em que o professor fala, fala, fala e o aluno ouve, ouve, ouve está um pouquinho ultrapassada, é isso? 

Vamos falar sobre sustentabilidade. Ao invés do professor chegar na aula e falar meia hora sobre a importância de se pensar em sustentabilidade, da cidade, de preservar o meio ambiente, ele vai trazer um estudo de caso

O professor entrega materiais aos grupos de estudantes ou de profissionais para que possam debater e em seguida é feita uma apresentação em forma de pitch.

Outros exemplos incluem as aulas explicativas, que devem ser dialogadas, e a recomendação de vídeos provocativos seguidos da produção de um mapa mental sobre o assunto visto. 

Então, são formas da pessoa realmente atribuir um sentido maior para aquele conteúdo

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Bom Saber: Precisamos desenvolver competências socioemocionais como educadores? Na graduação, na pós-graduação, no ensino fundamental, no ensino médio ou no ensino corporativo também, com as metodologias ativas?

Com certeza, não existe uma forma de você desenvolver competências socioemocionais se não for pelo uso de metodologias ativas. Vou dar o exemplo de uma competência socioemocional que é super importante hoje em dia, que é empatia

Como eu vou aprender a ser empático? Só lendo o texto ou decorando o que é empatia? Para ser empático eu preciso ser exposto a um projeto, a uma situação-problema onde eu preciso praticar empatia. Onde eu preciso olhar pro outro e tentar me colocar no lugar dele. E assim eu vou desenvolvendo essa competência. 

Como que eu vou aprender a ser colaborativo, que é uma outra competência socioemocional, se não colaboro em grupo, se eu não vou ter que lidar com ideias diferentes das minhas, não vou ter que lidar com confronto? Então, o caminho para você desenvolver competências socioemocionais é a partir do trabalho com metodologias ativas

E como educadores, discutimos muito sobre isso. Nos profissionais, nos estudantes, em jovens, adultos. Mas quem está olhando pro professor? 

Não só o professor, mas o gestor educacional, o líder, o pessoal que trabalha em programas de educação à distância, que tem que desenhar as atividades online. 

Eu fazia formações com educadores para que eles usassem as metodologias ativas nos programas online para engajar, para permitir que as pessoas aprendessem de uma forma mais profunda, mas via que estavam ansiosos, esgotados, deprimidos, muito sobrecarregados.

Estamos olhando tanto para o aprendiz e tão pouco para o educador. Então isso me motivou a escrever o livro. 

Gostou de saber mais sobre a aprendizagem socioemocional e o trabalho de Carolina Costa Cavalcanti? Confira também nossa Entrevista: Carol Shinoda e o Propósito de Vida!

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