Como lidar com a ansiedade?

Ansiedade: mulher contemplativa

No século XIX, Chateaubriand cunhou a expressão “mal do século” para se referir ao sentimento de decadência, desilusão e melancolia sentido principalmente pelos jovens e adultos europeus da sua época.

Essas sensações se tornaram tão populares que permearam parte da literatura romântica, atravessando séculos e sendo a base de inúmeros romances, conhecidos e lidos até hoje.

O autor francês não poderia imaginar, contudo, que, algumas décadas depois, a expressão passaria a designar um outro tipo de mal: em um mundo que lidava com novos problemas e com mudanças aceleradas e constantes, o sentimento de melancolia foi substituído pelo de inadequação, e o “mal do século” foi lentamente passando a se referir à ansiedade.

O nome científico da doença, Transtorno de Ansiedade Generalizada (ou TAG), talvez não seja estranho para a maioria das pessoas. E não deveria: de acordo com diferentes pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Brasil é o país com mais casos de ansiedade do mundo.

E o cenário piorou com a pandemia da Covid-19, que teve início em 2020. De acordo com um relatório publicado pela OMS em 2022, os casos aumentaram em 25%, em escala global. Ou seja: a preocupação com a saúde mental, que já deveria ser grande, se tornou fundamental.

Ainda assim, não é incomum que as doenças psicológicas sejam estigmatizadas e tratadas como “menores” do que as doenças físicas. Um levantamento feito pela SulAmérica, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa, indicou que apenas 10% das mais de mil pessoas entrevistadas de fato fazem terapia, apesar da preocupação com a saúde mental.

Para ajudar a reverter essa situação, e principalmente levando em consideração que os jovens são um dos grupos mais afetados pela doença, preparamos um conteúdo completo sobre ansiedade.

Por isso, se você quer saber mais sobre esse distúrbio, seus sintomas mais comuns e como combatê-lo, continue lendo este texto!

O que é ansiedade?

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o Transtorno de Ansiedade Generalizado demanda uma série de critérios para ser diagnosticado. De modo geral, no entanto, ele se caracteriza pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a ansiedade, sozinha, é um sentimento natural e importante para a sobrevivência humana. Ela tem suas raízes no medo e no instinto de estar sempre alerta, que nos acompanham desde antes da vida em sociedade.

Diante de situações cotidianas de estresse e insegurança, é natural que a ansiedade apareça como uma sensação que nos estimula a ficar “na ponta dos pés”. Agindo sobretudo no hipotálamo, localizado bem no meio do cérebro, a ansiedade gera uma sensação de aceleração e medo, afetando nossas emoções.

O aspecto natural da ansiedade se perde, contudo, quando esses sentimentos se tornam desproporcionais à causa, gerando um sofrimento maior do que o necessário e interferindo na qualidade de vida. Nesses casos, a pessoa passa a lidar com o Transtorno de Ansiedade Generalizada, uma doença mental classificada pelo CID F41.

O TAG só pode ser diagnosticado por um médico especializado — um psiquiatra. No entanto, pessoas que fazem acompanhamento com psicólogos também podem ser alertadas sobre a possibilidade de terem desenvolvido a doença.

Por isso, caso você sinta que pode ter ansiedade, o indicado é procurar apoio psicológico o mais rápido possível.

Vale lembrar que o transtorno de ansiedade não tem cura, mas é tratável.

Leia também: Como cuidar da saúde mental dos estudantes?

Como saber se minha ansiedade é patológica?

Como explicamos, a ansiedade é um sentimento comum em nossas vidas. No entanto, quando ele atinge graus intensos e por um longo período, é possível que a ansiedade tenha atingido um grau patológico — ou seja, tenha chegado ao nível do Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Uma maneira de identificar se esse pode ser o seu caso é levar em consideração a influência da ansiedade no seu dia a dia. Afinal, o TAG:

  • Gera preocupações excessivas e que geralmente interferem de forma significativa no funcionamento social e/ou profissional do indivíduo (por exemplo, não consegue realizar tarefas simples, como responsabilidades no trabalho e em casa);
  • Gera preocupações mais disseminadas, mais intensas e mais angustiantes, que duram por um longo período e que ocorrem de repente;
  • Gera preocupações diárias que rapidamente se transformam em sintomas físicos, o que impede a realização da tarefa.

Quais são os sintomas da ansiedade?

Apesar de ser uma doença bastante comum, os sintomas da ansiedade variam muito de pessoa para pessoa. Assim, não é possível delimitar de forma absoluta as maneiras como esse distúrbio pode se manifestar em cada um.

A ansiedade que experienciamos cotidianamente, em um nível saudável, pode ser marcada pela sensação de aceleração, pela preocupação e pelo sentimento de medo. No entanto, esses sentimentos são autorreguláveis e, diante de questões mais importantes, tendem a ser adiados.

Por outro lado, de acordo com o DSM-5, para ser diagnosticada com o Transtorno de Ansiedade Generalizada, é necessário que a pessoa apresente alguns dos seguintes sintomas de forma persistente (há pelo menos 6 meses):

  • Ansiedade e preocupação excessivas ocorrendo na maioria dos dias, com diversos eventos ou atividades;
  • A pessoa considera difícil controlar a preocupação;
  • A ansiedade e preocupação estão associadas a inquietação, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se, irritabilidade, tensão muscular ou perturbação do sono;
  • A ansiedade, preocupação ou sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas;
  • A perturbação não se deve aos efeitos psicológicos de nenhuma substância;
  • A perturbação não é causada por nenhum outro transtorno mental.

Vale lembrar, ainda, que o diagnóstico leva em consideração a vida do paciente e, em alguns casos, pode exigir também a realização de exames específicos. Isso acontece porque o transtorno de ansiedade tem sintomas similares aos de outros transtornos psicológicos.

Quais são os piores sintomas da ansiedade?

Por se tratar de uma doença psicológica, é difícil falarmos sobre os “piores” sintomas da ansiedade. No entanto, quando pensamos em afetações físicas, há pacientes que apresentam:

  • Palpitações;
  • Falta de ar;
  • Taquicardia;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Suor excessivo;
  • Dor de cabeça;
  • Alteração nos hábitos intestinais;
  • Náuseas;
  • Aperto no peito;
  • Dores musculares.

Essas sensações podem afetar significativamente a capacidade da pessoa de realizar ações simples e cotidianas, e com frequência são confundidas com outros problemas de saúde, o que aumenta a sensação de medo. 

Dessa maneira, os sintomas físicos do transtorno podem ser considerados especialmente prejudiciais. Por isso, diante da manifestação frequente de um ou mais deles, é recomendável que o indivíduo busque ajuda profissional.

Como saber se estou tendo uma crise de ansiedade?

Para as pessoas que já lidam com alguns dos sintomas do transtorno de ansiedade, mas ainda não foram diagnosticadas com ele, pode ser difícil identificar quando uma crise de ansiedade está acontecendo. A melhor maneira de saber é conhecendo os sintomas da ansiedade e ficando alerta às situações em que eles se manifestam.

Na crise de ansiedade, é comum que um ou mais sintomas se apresentem de maneira abrupta, interrompendo uma atividade cotidiana ou o fluxo de pensamento da pessoa. Alguns dos sintomas mais comuns são:

  • Batimentos acelerados;
  • Dificuldade para respirar;
  • Sensação de desmaio ou pressão baixa;
  • Suor excessivo;
  • Náusea.

Na crise de ansiedade, pode ser difícil para a pessoa controlar ou mesmo identificar os seus sentimentos de maneira exata. Por isso, se você estiver perto de pessoas que conhece e confia, peça ajuda e explique o que você acha que pode estar acontecendo.

Ataque cardíaco ou crise de ansiedade?

Não é incomum que pessoas que lidam com uma crise de ansiedade acreditem que estão tendo um infarto.

No entanto, a sensação do ataque cardíaco é mais profunda e mais aguda, e se estende por um período de até 20 minutos. Ela também costuma ser acompanhada por outros sintomas, como a dormência no braço esquerdo (nos homens) e as dores abdominais (nas mulheres).

Quais são as causas da ansiedade?

As causas da ansiedade ainda não são completamente conhecidas pela ciência e, de modo geral, não podem ser delimitadas a fatores específicos. Ainda assim, estudos comprovam que há alguns fatores que podem tornar uma pessoa mais predisposta a desenvolver o transtorno de ansiedade.

  • Um exemplo são os fatores biológicos, causados por alterações no cérebro em áreas específicas.
  • Há também os fatores ambientais, em geral ligados a questões familiares, de trabalho ou financeiras.
  • Por fim, há os fatores psicológicos, que podem estar associados a acontecimentos pessoais que geram trauma ou medo.

Vale mencionar, ainda, que alguns estudos recentes se dedicam a mostrar a associação entre o transtorno de ansiedade e grupos específicos de pessoas. É o caso, por exemplo, das mulheres e das pessoas que integram o grupo LGBTQIA+, que apresentam maior chance de desenvolver a doença. 

Em uma situação parecida estão as pessoas das classes C e D do Brasil. Embora estudos que realizem essa associação sejam menos frequentes, pesquisas de alguns anos atrás mostram que pessoas de renda mais baixa também têm maior chance de desenvolver doenças psicológicas, como a depressão e a ansiedade.

Desse modo, não podemos desconsiderar que a ansiedade é uma síndrome intimamente ligada às condições de vida dos indivíduos. Dessa maneira, embora a relação não seja de causa e consequência, chama a atenção a maior vulnerabilidade de certos grupos ao desenvolvimento do transtorno.

Ansiedade no Ensino Superior

O ingresso em uma Instituição de Ensino Superior é um dos fatores que contribuem para o surgimento do sentimento de ansiedade. Estudos mostram que alunos que entram na faculdade, ao ter contato com um novo ambiente e novos desafios, têm mais chances de desenvolver o transtorno.

As causas para esse desenvolvimento variam, mas têm como base dois pontos principais:

  1. Por um lado, os fatores socioambientais, como experiências pessoais adversas e tempo de exposição a mídias eletrônicas;
  2. Por outro, os fatores pessoais, ligados a traços de personalidade e crenças sobre si mesmos.

O ambiente universitário pode ser prejudicial para jovens acostumados a um ritmo e a um nível de cobrança diferentes.

Isso não significa que a faculdade deva “facilitar” o processo de adaptação, mas chama a atenção para a criação de medidas de apoio psicológico e observação, sobretudo dos alunos que podem ser classificados como em estado de risco.

Vale mencionar, ainda, que, com a pandemia, 76% dos estudantes universitários brasileiros declararam sentir piora na sua saúde mental

Para entender mais sobre esse aspecto, confira o nosso artigo sobre o tema: Educação pós-pandemia: Cenário e como superar os desafios nas IES

Por que a ansiedade é pior à noite?

Se você é uma pessoa que luta com o transtorno de ansiedade, é bem provável que sinta que os sintomas pioram consideravelmente à noite. Não à toa, a insônia e outros problemas do sono são indicativos poderosos de que uma pessoa pode ter desenvolvido o TAG.

De acordo com especialistas, a sensação de piora da ansiedade percebida no fim do dia tem relação com este ser, em geral, o momento em que nossa cabeça deixa de se ocupar com as atividades cotidianas. Ao deitarmos na cama ou, mesmo antes, ao encerramos as atividades do dia, paramos de nos preocupar com questões imediatas — e isso abre espaço para que a ansiedade se manifeste.

Quanto menos estímulos temos, mais oportunidades a mente ansiosa encontra para se preocupar. No entanto, a maneira menos indicada para evitar esses problemas é manter o cérebro ocupado, pois os efeitos podem ser contrários aos desejados.

Para conseguir relaxar e dormir, é indicado que as pessoas “preparem” o cérebro para o momento de descanso. Isso significa menos tempo de tela e atividades mais relaxantes, como a leitura. Em alguns casos, o psiquiatra pode indicar também medicamentos que auxiliem no sono.

Quais são os tipos de ansiedade?

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos de ansiedade podem ser divididos em 10 diferentes tipos. Cada um deles possui características próprias e depende de uma análise psiquiátrica feita por um profissional. Abaixo, indicamos cada um deles:

  1. Transtorno do Pânico (com ou sem Agorafobia);
  2. Agorafobia sem histórico de Transtorno do Pânico;
  3. Fobias específicas (animais, ambientes, agulhas, situações etc.);
  4. Fobia Social
  5. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
  6. Transtorno de Estresse Pós-Traumático
  7. Transtorno de Estresse Agudo
  8. Transtorno de Ansiedade Generalizado
  9. Transtorno de Ansiedade Devido a condições específicas (uso de substâncias, ataques de pânico, sintomas fóbicos);
  10.  Transtorno de Ansiedade NE (Não Especificado).

Embora seja comum a crença de que alguns transtornos de ansiedade são “piores” do que outros, ou que alguns são “um nível superior” de ansiedade, a verdade é que cada um desses tipos se desenvolve de uma maneira diferente, podendo ou não coexistir em um mesmo paciente.

Vale lembrar, ainda, que os sintomas de cada transtorno, bem como os seus tratamentos, devem ser acompanhados por um profissional de saúde e podem variar de pessoa para pessoa. 

Qual a relação entre ansiedade e outros transtornos?

A ansiedade, como sintoma, pode indicar uma série de diferentes transtornos mentais, além do Transtorno de Ansiedade Generalizado.

Nesse sentido, pacientes que costumam manifestar a ansiedade ao longo do seu cotidiano não necessariamente podem ser classificados apenas como “ansiosos” — termo guarda-chuva que pode abranger diferentes realidades.

Para explicar melhor como a ansiedade se relaciona e se manifesta quando falamos de outros transtornos, separamos os principais que costumam se relacionar a esse sintoma. Confira, abaixo, cada caso!

Ansiedade e estresse

O estresse é um estado gerado por uma excitação emocional que faz com que haja aumento de adrenalina no corpo. Ou seja: diante de situações que geram aborrecimento, preocupação ou mesmo medo, o indivíduo passa por uma espécie de distúrbio psicológico que faz com que ele se sinta mais agitado e predisposto a agir.

A relação entre ansiedade e estresse parece surgir quando o estresse se torna recorrente na vida do indivíduo. Pesquisas recentes sugerem que quando a resposta a uma situação de estresse gera um impacto físico duradouro e frequente, então há uma maior predisposição ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, como o da ansiedade e o da depressão.

Ainda assim, são poucos os trabalhos que apresentam dados concretos entre a ansiedade e o estresse.

Por isso, o ideal é que a pessoa que manifesta ambos os transtornos procure um profissional para averiguar a possibilidade de relação entre eles. Se existente, é possível traçar novas maneiras de lidar com a ansiedade e de reduzir as situações de estresse.

Ansiedade e transtornos alimentares

Dentre os transtornos alimentares mais conhecidos e com frequência discutidos socialmente, estão a bulimia e a anorexia. Ambos estão relacionados ao desenvolvimento de hábitos alimentares persistentes e perigosos, que afetam negativamente a saúde, as emoções e o cotidiano dos indivíduos.

Esses transtornos — assim como outros transtornos alimentares — podem impactar também na capacidade de obtenção e absorção dos nutrientes necessários pelo organismo.

A relação com a ansiedade se dá na medida em que é esse o sentimento mais comum para o surgimento de transtornos relacionados à alimentação. Estudos realizados com bailarinos e atletas, por exemplo, apontam que as exigências para ter um corpo magro geram sintomas de ansiedade que os tornam mais propensos ao desenvolvimento de transtornos alimentares.

Outra relação bastante comum atualmente diz respeito ao impacto das redes sociais na construção da autoimagem de jovens, sobretudo mulheres. A sensação de “desaprovação” gerada pelas redes e pelo padrão estético faz com que a ansiedade nesses grupos de pessoas leve ao desenvolvimento de transtornos.

Ansiedade e síndrome do pânico

A Síndrome do Pânico é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado por crises repentinas e intensas, com forte sensação de medo e mal-estar. Essas crises podem acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar, e ocorrem sobretudo a partir de um disparo de adrenalina.

O cérebro identifica uma sensação de perigo que, na verdade, não existe, o que causa o pico do hormônio. Como consequência, o indivíduo se sente assustado e mais propício a se defender. 

O Transtorno do Pânico gera graves consequências ao cotidiano do paciente, que passa a modificar o seu comportamento como reação à sensação de medo vivenciada. Assim, é comum que essas pessoas sintam medo de sair de casa, por exemplo. 

Sintomas da síndrome do pânico

Outros sintomas da Síndrome do Pânico incluem, além dos sintomas comuns da ansiedade:

  • A aceleração dos batimentos cardíacos;
  • A sensação de pressão e/ou dor no peito;
  • Palidez;
  • Suores frios;
  • Tremores;
  • Pernas bambas;
  • Náusea;
  • Sensação e/ou medo de morrer;
  • Sensação de estar fora do corpo.

Crises mais graves podem ocasionar vômito e levar ao desmaio. 

O diagnóstico é feito por um psiquiatra e o tratamento para a síndrome costuma ser o uso de medicamentos e o acompanhamento médico e psicológico do paciente. Assim como outros transtornos de ansiedade, este não tem cura, mas, quando tratado, possibilita uma vida normal.

Ansiedade e TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, TDAH, é um transtorno neurobiológico cuja principal causa são questões genéticas. Ele é bastante comum em crianças e, apesar de apresentar sintomas similares ao da ansiedade, não é um tipo de transtorno ansioso nem tem nenhuma relação com ela. A sua classificação do DMS-5 é 314.

Os sintomas mais comuns do TDAH são a desatenção, a inquietude e a impulsividade. O tratamento normalmente é feito com o acompanhamento médico e o uso de medicação. 

Apesar de não ser uma doença ligada à ansiedade e a outros transtornos ansiosos, o TDAH pode ser observado de maneira associada a estes em algumas pessoas. Um estudo realizado com candidatos ao exame da OAB mostrou que 41,7% apresentaram sintomas de déficit de atenção, e 33,3%, de hiperatividade. Além disso, 34,7% apresentaram pelo menos um tipo de ansiedade.

Assim como acontece com outros transtornos psicológicos, o diagnóstico e o tratamento do TDAH deve ser realizado por um médico psiquiatra.

Ansiedade e TOC

O Transtorno Obsessivo Compulsivo, popularmente conhecido como TOC, é um dos transtornos de ansiedade caracterizados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Pesquisas na área indicam que o sentimento de ansiedade é um sintoma comum e com impacto relevante no TOC.

A principal característica do TOC é a presença de crises recorrentes e de compulsões comportamentais. O paciente costuma desenvolver obsessões que se manifestam na forma de pensamentos, sensações ou imagens incômodas, em geral associadas ao sentimento de que algo terrível acontecerá.

Para reduzir os sintomas de ansiedade e apaziguar essas sensações, os indivíduos tendem a realizar uma espécie de “ritual” próprio. Neles, é necessário seguir regras rígidas e já preestabelecidas pela pessoa, fazendo com que a situação seja “resolvida” a partir daquele comportamento.

Apesar de ser uma doença comumente associada a uma necessidade de organização, o TOC, além de um transtorno sério, também pode se manifestar de outras maneiras. Um dos sintomas mais comuns está na preocupação excessiva com a higiene e a limpeza. 

Sabe-se que o Transtorno Obsessivo Compulsivo é multifatorial, mas as suas causas ainda não são bem definidas. Elas podem ter relação com alterações na comunicação de diferentes áreas do cérebro, mas também com outros fatores psicológicos e com o histórico familiar do paciente.

O tratamento para o TOC pode ou não envolver o uso de medicação. No entanto, é recomendada a terapia cognitivo-comportamental, com resultados comprovados na redução da ansiedade causada pela doença.

Quais as diferenças entre ansiedade e depressão?

É verdade que a ansiedade e a depressão são doenças com alguns sintomas em comum. E, por isso, é um equívoco comum acreditar que os dois transtornos psicológicos são, na verdade, o mesmo. No entanto, isso não acontece.

A depressão é uma doença crônica causada pela diminuição drástica ou pela falta de serotonina, o chamado “hormônio da felicidade”. Isso significa que ela é causada principalmente por um distúrbio biológico, embora também possa ser influenciada por fatores sociais.

A principal diferença entre a ansiedade e a depressão é que essa última nunca é saudável, mesmo quando em estágios “iniciais”. Ao contrário da ansiedade, que é identificada como um sentimento natural, a depressão sempre indica um desequilíbrio que deve ser investigado por um profissional de saúde mental.

No CID, o Transtorno de Ansiedade Generalizada e o Transtorno Depressivo recebem classificações diferentes, o que contribui para reforçar que, clinicamente, eles não são idênticos, apesar da semelhança de sintomas. Além disso, cada um desses transtornos se subdivide em diferentes categorias, cada qual com características específicas.

Por fim, o tratamento para a depressão e para a ansiedade também se diferem. No caso da ansiedade, é recomendado o acompanhamento psicológico e apenas em casos mais extremos a medicação é considerada. Já na depressão, o acompanhamento deve ser feito por um psicólogo e um psiquiatra, e a medicação costuma ser mais comum, mesmo em distúrbios menos graves.

Desse modo, se você luta com cansaço extremo, alterações no sono, dificuldade de concentração e irritabilidade, pode ser que tenha tanto a ansiedade, quanto a depressão, e apenas o diagnóstico médico indicará qual é o transtorno real e qual deve ser o tratamento.

Já em casos mais extremos, como os de ideação suicida ou de desejos de machucar a si mesmo ou a outras pessoas, é mais provável que a pessoa tenha depressão, e não ansiedade, e a busca por um médico deve ser feita com urgência.

Quais são os tratamentos mais comuns para ansiedade?

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é uma doença sem cura. No entanto, isso não significa que ela não possa ser tratada. 

Nos últimos anos, diversos estudos se dedicaram a encontrar maneiras de reduzir os impactos do TAG na vida de indivíduos diagnosticados com o transtorno. Abaixo, separamos os mais eficazes e comuns. Confira!

Ansiedade e terapia

A terapia é um dos tratamentos fundamentais para ajudar a reduzir os impactos da ansiedade no cotidiano do paciente. Isso acontece porque o transtorno ansioso faz com que o paciente tenha dificuldades para lidar com situações do dia a dia e tenha a tendência de vê-las sob uma ótica mais negativa.

Com o acompanhamento psicológico, é possível identificar e tratar as causas da ansiedade, e também desenvolver ferramentas para lidar com as suas consequências. Estudos mostram que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais eficaz para lidar com os sintomas da ansiedade.

Isso acontece porque essa vertente oferece uma variedade de técnicas que podem ser empregadas de forma combinada, reduzindo os efeitos do transtorno no cotidiano do paciente.

Se um dos problemas da ansiedade é fazer com que a pessoa tenha a sensação de perda de controle — sobre as situações e sobre si mesma —, a terapia cognitivo-comportamental ajuda a encontrar maneiras de recuperá-lo.

Ansiedade e medicamentos

Apesar de pouco comum nos casos de TAG mais frequentes, o uso de medicamentos também é uma das maneiras de tratar a ansiedade. Dentre os mais recomendados estão os medicamentos responsáveis por inibir a recaptação de serotonina e norepinefrina.

Os remédios recomendados pelo psicólogo ou psiquiatra são, em geral, facilmente encontrados em farmácias comuns. Em algumas abordagens médicas, medicamentos manipulados também podem ser utilizados no tratamento, e há ainda quem opte por remédios naturais, à base de plantas.

Vale manter em mente, de toda maneira, que o uso de medicamentos para o tratamento de transtornos psicológicos não costuma ser prolongado. Ele também pode demandar um tempo de adaptação às substâncias, causar alguns efeitos colaterais e demorar até 4 semanas para começar a surtir efeitos. 

Ainda assim, nos casos em que a medicação é recomendada, o paciente deve seguir todas as orientações médicas e de forma alguma deve parar de tomar os remédios de maneira autônoma, sem autorização profissional.

Ansiedade e alimentação

Outro tratamento muito indicado para pessoas com transtorno de ansiedade é a criação e manutenção de uma dieta equilibrada. Estudos mostram que a qualidade da alimentação afeta o estado clínico do paciente ansioso, contribuindo para melhorar o impacto negativo das patologias.

Assim, a suplementação de nutrientes como zinco, magnésio e vitaminas A, B, C, D e E é recomendada. Além disso, comidas que contém ômega-3 também receberam destaque graças ao seu impacto positivo na vida de pacientes ansiosos.

Por outro lado, há também os alimentos que, embora não precisem deixar de fazer parte da vida da pessoa com TAG, ajudam a piorar os casos clínicos quando consumidos de maneira excessiva. Alguns exemplos são:

  • Açúcares, como os presentes em doces e refrigerantes artificiais;
  • Farinha branca;
  • Cafeína;
  • Álcool;
  • Cereais refinados, como o arroz branco;
  • Comidas muito gordurosas, como carne de porco e fast foods.

Vale manter em mente, ainda, que pacientes que fazem uso de medicação controlada para o tratamento de ansiedade também devem verificar possíveis restrições alimentares, em geral associadas ao consumo de álcool.

Ansiedade e atividade física

Por fim, outra forma de tratamento para a ansiedade bastante recomendada por profissionais de saúde é a prática recorrente de exercícios físicos. Pesquisas indicam que ela favorece a diminuição dos sintomas do transtorno de ansiedade, funcionando como uma importante via terapêutica.

Dentre as recomendações de exercícios, destacam-se:

  • Caminhadas de pelo menos 30 minutos;
  • Meditação;
  • Andar de bicicleta;
  • Ioga.

Repare que todos esses exercícios promovem um maior tempo de relaxamento e um maior contato entre o corpo, a respiração e os pensamentos “livres”. Dessa maneira, dão a sensação de alívio e descompressão, reduzindo os efeitos negativos da ansiedade.

Existem formas de prevenir a ansiedade?

Como explicamos ao longo deste conteúdo, a ansiedade é um sentimento comum e mesmo saudável na vida dos seres humanos. A preocupação com ele deve surgir a partir do momento em que as reações a um problema se tornam consideravelmente maiores do que a situação em si.

Por ser considerado um transtorno psicológico multifatorial, é difícil determinar métodos que previnam a ansiedade de forma completamente eficaz. Ainda assim, algumas práticas costumam ser recomendadas por médicos especializados no assunto. São elas:

  • A alimentação saudável;
  • A prática de exercícios físicos regularmente;
  • A criação de uma rotina de sono saudável;
  • A meditação e outros exercícios com foco na respiração;
  • A criação de métodos de organização mais flexíveis, que contemplem imprevistos e diminuam a sensação de pressa para realizar tarefas cotidianas.

De modo geral, portanto, a prevenção do transtorno de ansiedade está relacionada a uma rotina saudável e equilibrada e à prática de conscientização do indivíduo de que determinada situação não está “fora de controle”.

Como prevenir a ansiedade de alunos na IES?

Profissionais da área da saúde vêm desenvolvendo estudos que comprovam que a aplicação de Programas de Prevenção de Ansiedade têm resultados positivos, principalmente em jovens universitários.

Esses programas têm como principal foco a criação de ambientes seguros para o tratamento da ansiedade e também a disponibilização de metodologias para lidar com os sentimentos ansiosos. Em Instituições de Educação Superior, isso pode significar:

  • A contratação de uma psicóloga que atenda aos alunos no campus;
  • A criação de uma cultura universitária que não atrela o valor dos alunos ao seu desempenho em atividades específicas (as provas, por exemplo);
  • A estipulação de medidas sérias para combater relações de pressão dentro do campus e dentro de sala de aula, garantindo que os alunos tenham liberdade para expor pensamentos e opiniões;
  • O acompanhamento aproximado de alunos que já tem histórico de transtornos psicológicos;
  • A criação de questionários e pesquisas periódicas que visem identificar o clima da IES na visão dos alunos e as oportunidades de melhoria na sensação de segurança e cuidado.

É importante manter em mente que as melhores pessoas para indicar se a Instituição de Educação Superior pode criar novas medidas eficazes de prevenção e diminuição da ansiedade são os próprios estudantes. Por isso, é essencial estabelecer com eles um contato mais próximo.

O “mal do século” com que lidamos hoje em dia é especialmente nocivo para jovens e pessoas em grupos socialmente vulneráveis. Por isso, é papel da IES compreender como esse transtorno psicológico funciona, quais são os seus impactos e que medidas podem ser tomadas para reduzi-los. 

Esperamos que tenha gostado deste post sobre ansiedade. Que tal aproveitar e conferir também nossa curadoria de livros para ansiedade?

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