Você já ouviu falar em cidades inteligentes? Na atualidade, este é um dos assuntos mais estudados na área de desenvolvimento urbano. Se você mora em uma cidade, provavelmente conhece uma série de problemas desafiadores a serem resolvidos.
O Brasil passou por um processo de urbanização muito acelerado na metade do século XX. Não havia um planejamento para receber a grande massa populacional que se deslocava para as cidades, a fim de trabalhar nas indústrias.
Como consequência, diversos problemas permanecem até hoje. Falta de saneamento básico, poluição, congestionamentos, violência e ausência de moradia digna para todos são alguns exemplos.
Mas o Brasil não é o único caso. No mundo todo, os países buscam soluções para os problemas urbanos, em especial nas megacidades (aquelas que possuem mais de 10 milhões de habitantes).
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), 68% da população mundial será urbana até 2050. Isso significa que, até lá, o número de pessoas vivendo em cidades aumentará em 2,2 bilhões.
Atualmente, o Brasil tem 84,72% de sua população morando em áreas urbanas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O país também tem duas megacidades: São Paulo e Rio de Janeiro.
Diante deste contexto, surgiu o conceito de cidades inteligentes. Elas usariam tecnologias digitais a fim de promover um desenvolvimento sustentável e aumentar a qualidade de vida de todos.
Neste artigo, você encontra um guia completo sobre cidades inteligentes. Passaremos por pontos como a definição deste conceito, características e objetivos dessas cidades, além de apresentarmos exemplos reais no Brasil e no mundo. Confira!
O que são cidades inteligentes?
De maneira geral, cidades inteligentes são aquelas que usam tecnologias digitais, a fim de promover o desenvolvimento econômico e social de modo sustentável. Por meio desses dispositivos virtuais, também visam ampliar a participação de todos os cidadãos. Seu enfoque é a melhoria da qualidade de vida da população.
Com o avanço da tecnologia de informação, hoje a nossa realidade é povoada por um grande volume de dados, redes em nuvens e comunicação entre máquinas. Isto é, objetos físicos agora podem se comunicar à internet, prestando serviços à vida cotidiana — o que ficou conhecido como Internet das Coisas.
Nas cidades inteligentes, o processamento de toda esta informação serve como um mapa, a fim de nortear as tomadas de decisão de governantes, cidadãos e empresas.
Dessa forma, elas utilizam estas potencialidades do meio digital, para otimizar a gestão pública. Por exemplo, monitorar os sistemas de tráfego, detectar crimes, gerenciar o saneamento básico, entre outros.
Também, com o encurtamento de distâncias proporcionado pela internet, as cidades inteligentes ampliam os canais de participação dos cidadãos.
Assim, por meio de plataformas digitais, os habitantes de uma cidade podem ajudar as autoridades a reconhecer problemas, discutindo e enfrentando essas dificuldades em conjunto. As redes sociais passam a ser um instrumento político, e o cidadão tem uma participação ativa na construção das políticas públicas.
Quais os objetivos das cidades inteligentes?
Conforme coloca o engenheiro Vicente Soares Neto, na obra “Cidades Inteligentes: Guia para construção de centros urbanos eficientes e sustentáveis”, as cidades inteligentes visam criar sustentabilidade, melhorar as condições de existência da população e produzir uma economia criativa pela gestão baseada em análise de dados.
Como vimos, predominantemente, a urbanização do Brasil aconteceu sem grandes planejamentos. Em meados do século XX, com o incentivo à industrialização, em especial nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, as cidades do país passaram a receber fábricas. No início, elas se instalaram principalmente na região Sudeste.
Dessa forma, tivemos grandes fluxos migratórios, do campo para a cidade, em busca de trabalho nas indústrias. Para se ter uma ideia, em 1940, a população urbana no Brasil era 31,24% do total. Em 1980, este número mais que dobrou: foi para 67,59%. Os dados são do IBGE.
A falta de planejamento desse processo acarretou uma série de consequências, que são vistas até hoje. Por exemplo:
- Ausência de moradia de qualidade para todos e de saneamento básico;
- Congestionamentos e transporte público insuficiente;
- Degradação ambiental;
- Falta de oportunidades para todas as classes sociais, o que acarreta na marginalização de certos grupos e no aumento da violência;
- Falta de acesso a hospitais e a atividades culturais; entre outros.
Com o auxílio de tecnologias digitais, as cidades inteligentes buscam estratégias para solucionar esses problemas urbanos. Contam com a participação dos cidadãos, que produzem informações e ajudam o poder público no enfrentamento dessas questões.
A seguir, conheça mais a fundo cada uma dessas características das cidades inteligentes.
Quais as características das cidades inteligentes?
Existem alguns elementos-chave que fazem com que uma área urbana seja considerada inteligente. Na lista abaixo, confira características essenciais das cidades inteligentes:
- Acesso à tecnologia;
- Participação ativa da população;
- Uso de tecnologias digitais para coleta de informação;
- Desenvolvimento econômico sustentável;
- Mobilidade facilitada.
Conheça cada uma dessas características em detalhes:
1. Acesso à tecnologia
As cidades inteligentes dependem das Tecnologias de Informação e Comunicação para funcionar e promover uma melhor qualidade de vida a todos. Por isso, é necessário que a população tenha um amplo acesso a estas tecnologias.
De acordo com a última pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros (TIC Domicílios 2021), 82% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. Na área urbana, o número sobe para 83%.
É característico de uma cidade inteligente facilitar o acesso à internet a seus habitantes.
2. Participação ativa da população
As cidades inteligentes incentivam a participação ativa de todos os cidadãos. Para tanto, usam as plataformas virtuais como instrumentos.
Com a internet, os cidadãos podem comunicar os problemas que enfrentam, produzindo informações úteis aos governantes. Fica mais fácil criar um mapa com as dificuldades particulares de cada área urbana. As políticas públicas são mais específicas e eficazes.
Portanto, os habitantes podem colaborar de forma ativa no enfrentamento e na busca de soluções para os problemas urbanos. Afinal, são eles que lidam com estas questões frequentemente em seu cotidiano.
3. Uso de tecnologias digitais para a coleta de informações
Não só os habitantes podem fornecer informações sobre os problemas de sua cidade, como a própria infraestrutura urbana pode ser dotada de dispositivos que monitoram e detectam estas adversidades.
Como vimos, com a Internet das Coisas, os próprios objetos estão conectados às redes, podendo transmitir informações de maneira eficiente. Dessa forma, a própria cidade se torna um organismo inteligente, que agrega dados e os atualiza, contribuindo para uma gestão competente.
Este é um dos aspectos mais controversos a respeito das cidades inteligentes. Pois o monitoramento contínuo gera um grande volume de dados sobre a população. Por consequência, os críticos a este modelo manifestam receios sobre o uso ético dos dados captados pelos dispositivos digitais, como veremos adiante.
4. Desenvolvimento econômico sustentável
Nas cidades inteligentes, o desenvolvimento econômico é feito de maneira sustentável, com respeito ao meio ambiente e também às pessoas.
Em 1987, a ONU definiu o desenvolvimento sustentável como aquele que “encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.
Na atualidade, os países das Nações Unidas definiram 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem atingidos até 2030 (uma das metas do plano global Agenda 2030). Os ODS são “um apelo global” para erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e atestar que as pessoas, em todo o mundo, possam desfrutar de paz e prosperidade.
Dessa forma, as cidades inteligentes se comprometem a usar seu capital tecnológico, a fim de atingir estes objetivos, alcançando um desenvolvimento plenamente sustentável.
Por consequência, o crescimento econômico não é produzido de modo desenfreado, sem planejamento, prejudicando os ecossistemas e aumentando a desigualdade entre as classes.
5. Mobilidade facilitada
Se você mora em uma grande metrópole, sabe que a mobilidade dentro da cidade é, muitas vezes, desafiadora. Congestionamentos, poluição do ar, além de transporte público lotado e que não atende todas as zonas urbanas são alguns exemplos de problemas recorrentes.
As cidades inteligentes buscam oferecer um sistema de transporte eficiente, de forma que todos consigam se deslocar por elas com facilidade e segurança.
Para isso, objetivam diminuir o tempo de deslocamento para o trabalho, oferecendo boa cobertura com transporte público, em especial com o metrô. Aplicativos podem ser utilizados para indicarem boas rotas aos motoristas de carros, diminuindo os congestionamentos.
Além disso, as cidades inteligentes também investem em sistemas de compartilhamento de bicicletas e ciclovias.
O que é a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes?
Em 2020, o governo do Brasil, em parceria com a Alemanha, e instituições públicas e privadas, lançou a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes. O texto traz um conceito próprio de cidade inteligente a ser aplicado no território nacional.
O documento foi feito com o objetivo de promover padrões de desenvolvimento urbano sustentável, levando em conta o contexto brasileiro.
Em resumo, os autores da carta definem o desenvolvimento urbano sustentável como um processo de ocupação urbana guiado para o bem comum e para a redução das desigualdades.
Desse modo, ele equilibra as necessidades sociais, utiliza de forma responsável os recursos ambientais, promove o desenvolvimento econômico local e a inclusão social, dinamiza a cultura e valoriza e fortalece identidades.
Para atingi-lo, a Carta apresenta uma agenda, com recomendações, diretrizes e objetivos estratégicos, para as cidades inteligentes no Brasil.
O que são cidades inteligentes no Brasil?
De acordo com a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes:
“Cidades inteligentes são cidades comprometidas com o desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentáveis, em seus aspectos econômico, ambiental e sociocultural, que atuam de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, promovem o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas e utilizam tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades, oferecer serviços com eficiência, reduzir desigualdades, aumentar a resiliência e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, garantindo o uso seguro e responsável de dados e das tecnologias da informação e comunicação” (BRASIL, 2020, p. 28).
Portanto, o texto enfatiza a noção de sustentabilidade nas diversas esferas do desenvolvimento urbano. Também a associação de tecnologias digitais, a fim de fazer uma gestão pública eficiente.
Diretrizes norteadoras para as cidades inteligentes no Brasil
Além disso, as cidades inteligentes brasileiras devem se apoiar nas seguintes diretrizes norteadoras:
- promoção do desenvolvimento urbano sustentável;
- construção de respostas para os problemas locais;
- promoção de educação e inclusão digital, com ações que atendam a todos os gêneros, raças, idades e classes sociais;
- estímulo ao protagonismo comunitário;
- colaboração e estabelecimento de parcerias entre setor público e privado, organizações da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa;
- decisões com base em evidências, usando os dados de forma responsável, transparente e compartilhada.
Quais são os desafios das cidades inteligentes?
Aliar tecnologia digital, sustentabilidade, participação ativa da população e desenvolvimento social e econômico não é uma tarefa simples. Por isso, as cidades inteligentes encontram uma série de desafios em seu processo de implantação.
Na lista abaixo, confira alguns dos desafios das cidades inteligentes:
- Garantir o acesso à internet por todas as classes sociais;
- Uso ético dos dados coletados pelas tecnologias digitais;
- Consideração das desigualdades socioeconômicas.
Entenda cada um deles em detalhes:
1. Garantir o acesso à internet por todas as classes sociais
As cidades inteligentes contam com um modelo de participação on-line, por redes e plataformas digitais. Assim, a fim de participar, obrigatoriamente o munícipe deve ter uma boa conexão com a internet.
Como vimos, de acordo com a TIC Domicílios 2021, 82% dos brasileiros têm acesso à internet. No entanto, em um país amplo e complexo como o Brasil, este dado deve ser observado também de acordo com a classe econômica.
Segundo a pesquisa, estes são os dados de acesso à internet, com o recorte de classe:
- Classe A: 100%;
- Classe B: 98%;
- Classe C: 89%;
- Classes D-E: 61%.
Desse modo, há uma lacuna significativa nas classes mais pobres. O acesso delas à participação política ficaria comprometido, caso esta ocorresse predominantemente por vias digitais.
2. Uso ético dos dados coletados pelas tecnologias digitais
As cidades inteligentes utilizam-se de dados a respeito da população para auxiliar a gestão pública a tomar decisões. Isso significa que um grande volume de informações a respeito dos cidadãos é armazenado.
Garantir o uso ético desses dados, com transparência e confiabilidade, respeitando a privacidade da população é um desafio importante.
Os sistemas devem ser seguros, a fim de evitar invasões que coloquem em risco as informações pessoais dos munícipes.
Na Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, este é um dos objetivos estratégicos: o estabelecimento de sistemas de governança de dados e tecnologias, com transparência, segurança e privacidade. O texto também define que:
“Diferentes governos e setores da sociedade devem cooperar para os sistemas funcionarem de forma integrada, responsável e inovadora. Com segurança cibernética e garantia de privacidade pessoal. Devem cooperar para oferecer um ambiente de ética digital que assegure dados compartilhados e abertos,sempre que possível, e que garanta proteção jurídica às pessoas” (BRASIL, 2020, p. 34).
3. Consideração das desigualdades socioeconômicas
As cidades inteligentes devem considerar as diferentes dinâmicas sociais e culturais, além das desigualdades econômicas, existentes em seu território. Os territórios urbanos são complexos, e, para promover um desenvolvimento sustentável, as políticas devem beneficiar a todos.
Assim, questões importantes devem ser analisadas, como educação, emprego e desigualdade de renda. Questionar se existem políticas para cada território em sua especificidade é um caminho.
É essencial também considerar o alfabetismo digital. Isto é, garantir que todos sejam alfabetizados nestas novas tecnologias, podendo explorar as potencialidades da vida urbana virtual.
Casos reais de cidades inteligentes no mundo
O IMD (International Institute for Management Development), em parceria com a Universidade de Singapura de Tecnologia e Design, produz o Smart Cities Index. O estudo analisa 118 municípios e tem por objetivo fazer um ranking das cidades mais inteligentes no mundo.
Na edição de 2021, os cinco primeiros colocados foram:
- Singapura (capital do país de mesmo nome);
- Zurique (Suíça);
- Oslo (Noruega);
- Taipei (Taiwan);
- Lausanne (Suíça).
As cidades brasileiras analisadas, São Paulo e Rio de Janeiro, ocuparam as duas últimas posições.
Em outro ranking, feito pelo Eden Strategy Institute, analisando os governos que mais incentivam as cidades inteligentes, o top 5 ficou assim:
- Londres (Inglaterra);
- Singapura;
- Seul (Coreia do Sul);
- Nova York (Estados Unidos)
- Helsinki (Finlândia).
Conheça cinco exemplos de cidades inteligentes no mundo:
Singapura
O estudo Smart Cities Index destaca as iniciativas estatais para transformar Singapura em uma cidade dentro de um jardim, com bairros inteligentes e sustentáveis.
Além disso, há um incentivo para a adoção de tecnologias digitais na cidade, e também na formação de mão de obra qualificada nesse sentido. Isso é feito por meio de uma série de programas do governo.
Londres
A prefeitura de Londres lançou um programa chamado Smarter London Together, no qual estabelece uma série de missões para tornar a capital inglesa mais inteligente.
Estas missões estão baseadas em algumas diretrizes, como o respeito à diversidade, colocando as pessoas em primeiro lugar durante a adoção destas tecnologias; inovações no uso de dados, utilizando-os sempre de modo transparente e confiável; entre outras.
Ademais, Londres deu um passo importante na garantia do acesso à internet por todos. A cidade lançou o mais rápido e gratuito wi-fi de todo o Reino Unido, com um investimento milionário.
Zurique
De acordo com o Smart City Index, Zurique tem um transporte público limpo e eficiente, que contribui para que a qualidade do ar seja semelhante a de cidades muito mais pequenas.
A metrópole suíça é também uma das cidades mais sustentáveis do mundo, com mais de 300 pontos de coleta de reciclagem e casas com consumo econômico de energia.
Amsterdã
A capital holandesa tem um programa chamado Amsterdã Cidade Inteligente, fruto de uma parceria público-privada entre governo, universidades, empresas e cidadãos. Por meio de uma plataforma digital, diferentes grupos podem trazer informações sobre a metrópole, construindo soluções e ajudando na tomada de decisões dos gestores públicos.
A cidade também incentiva o desenvolvimento de inovações por parte de seus próprios residentes.
Outro aspecto de destaque está na mobilidade. Com uma administração inteligente do tráfego, Amsterdã consegue coletar informações sobre as vias, indicando aos motoristas as melhores rotas, combatendo o trânsito intenso.
Taipei
A fim de resolver o problema do congestionamento, a prefeitura de Taipei investe na análise inteligente de dados do trânsito, utilizando aplicativos.
O estudo do Eden Strategy Institute destaca que os cidadãos politicamente ativos, aliados à forte indústria eletrônica de Taiwan, fornecem um território fértil para o aumento de soluções inteligentes para Taipei.
Assim, a capital taiwanesa funciona como um laboratório, no qual o governo fornece recursos a ativistas e inovadores para experimentarem soluções de uma cidade inteligente.
Quais são as cidades inteligentes no Brasil?
A pesquisa Connected Smart Cities 2021 fez um ranking entre 677 municípios brasileiros, com o objetivo de apresentar as cidades mais inteligentes do país.
O critério utilizado pelo ranking é o “conceito de conectividade” — a relação harmoniosa existente entre as diversas áreas analisadas.
Os setores estudados são: mobilidade; urbanismo; meio ambiente; energia; tecnologia e inovação; economia; educação; saúde; segurança; empreendedorismo e governança.
De acordo com este estudo, as dez cidades mais inteligentes do Brasil são:
- São Paulo (SP);
- Florianópolis (SC);
- Curitiba (PR);
- Brasília (DF);
- Vitória (ES);
- São Caetano do Sul (SP);
- Rio de Janeiro (RJ);
- Campinas (SP);
- Niterói (RJ);
- Salvador (BA).
Conheça em detalhes algumas das cidades inteligentes brasileiras:
São Paulo
A capital paulista se destaca no setor de mobilidade, sendo a melhor colocada neste quesito na pesquisa Connected Smart Cities. A megacidade conta com a presença de semáforos inteligentes, ciclovias (5,53km por habitante), 942 destinos rodoviários interestaduais, e 3,02km de transporte coletivo para cada 100 mil habitantes.
São Paulo também obteve boas classificações nos setores de tecnologia e inovação, empreendedorismo, economia e urbanismo.
Entre as soluções inteligentes da metrópole estão: transporte público com passagem eletrônica; agendamento on-line de consulta na rede pública de saúde; e atendimento ao cidadão por meio de aplicativos.
A cidade também registrou aumento de 2,74% no número de empresas do setor de tecnologia.
Curitiba
A cidade de Curitiba se destaca nos setores de tecnologia e inovação, meio ambiente, urbanismo e empreendedorismo. Nos dois últimos quesitos, ela obteve a primeira colocação no ranking Connected Smart Cities.
No recorte de urbanismo, a capital paranaense se destaca por ter 100% de atendimento urbano de água e esgoto; pelo serviço de emissão de alvará no site da prefeitura; e também pelo investimento per capita de R$ 594,04 em urbanismo.
Já na perspectiva do empreendedorismo, a cidade possui 7 incubadoras de empresas e 4 polos tecnológicos. As empresas de tecnologia registraram aumento de 4,76%, e as companhias de economia criativa, de 0,51%.
Rio de Janeiro
A capital fluminense se destaca nos setores de tecnologia e inovação e empreendedorismo, de acordo com a Connected Smart Cities.
No primeiro quesito, a megacidade é a campeã brasileira. Como soluções, destacam-se: passagem eletrônica para o transporte coletivo; semáforos inteligentes; sistema de iluminação inteligente; matrícula escolar on-line na rede pública; atendimento aos munícipes via aplicativos.
Além disso, no Rio de Janeiro, a cada 100 domicílios, 69,6 são cobertos com banda larga. Toda a população é coberta pelo sinal 4G e 3,62% dos habitantes estão empregados no setor de tecnologia e inovação.
Já na área de empreendedorismo, a cidade conta com 15 incubadoras de empresas e 8 polos tecnológicos.
Salvador
Única representante da região Nordeste no top 10 do Connected Smart Cities, Salvador tem como principal destaque o setor de tecnologia e inovação, no qual foi a quarta colocada geral.
A cidade possui semáforos inteligentes, bilhete eletrônico no sistema público de transporte, e 100% da população coberta com o sinal 4G.
Ademais, as empresas de tecnologia cresceram em 1,10%. Salvador também conta com 2 polos tecnológicos e 6 incubadoras de empresas.
Florianópolis
A capital de Santa Catarina se destaca nas áreas de educação, mobilidade e economia. Na primeira, Florianópolis é a cidade com mais de 500 mil moradores melhor posicionada no ranking da Connected Smart Cities. Destacam-se a despesa per capita com educação de R$ 863,49 e a oferta de 24,01 vagas em universidades públicas por habitante com mais de 18 anos.
No setor de mobilidade, a cidade possui 28,3km de ciclovias por 100 mil habitantes, semáforos inteligentes e a presença de ticket eletrônico.
Já em termos econômicos, Florianópolis apresentou crescimento de 7,34% nas empresas de tecnologia, tem 4,72% da sua força de trabalho ocupada no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação e aumento do PIB (Produto Interno Bruto) per capita de 6,34%.
Quais são as críticas às cidades inteligentes?
O campo das políticas públicas urbanas é caracterizado por disputas, de modo que existem críticas a aspectos das cidades inteligentes.
Em um trabalho realizado pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, foi feito um histórico de algumas críticas, de diferentes estudiosos, ao viés tecnológico das cidades inteligentes.
Tecnologia como a solução de todos os problemas urbanos
Entre elas, estão: o enfoque das cidades inteligentes no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como “panaceia” para os problemas urbanos. Também questionam-se os interesses dos vendedores de tecnologia neste modelo.
No entanto, o estudo afirma que essas críticas foram importantes para construção de um novo conceito de cidade inteligente, que integra o uso das tecnologias, com uma visão mais orientada para o capital humano.
Desse modo, nasceu um segundo paradigma, mais humanista e holístico. Os munícipes podem participar mais e contribuir para a solução dos problemas urbanos.
Aumento da vigilância sobre a população
Outras críticas às cidades inteligentes estão no campo do uso ético dos dados captados pelos dispositivos de Internet das Coisas. Se limites éticos não forem respeitados, estas ferramentas podem contribuir para aumentar a vigilância sobre a população, reprimindo movimentos sociais, por exemplo.
Além disso, tais tecnologias são suscetíveis a ataques cibernéticos, por hackers, de modo que a segurança dos dados é outro aspecto de risco.
Participação política dos setores mais pobres
Por último, outra questão é a participação da população mais pobre, que geralmente tem acesso limitado a tecnologias digitais e à internet. Assim, se o poder público não levar esse aspecto em consideração, as desigualdades e a marginalização podem ser aprofundadas.
Como vimos anteriormente, todas essas críticas constituem desafios para as cidades inteligentes. Afinal, o desenvolvimento socioeconômico sustentável só é efetivo, se feito de maneira ética e atingindo todas as parcelas da população.
Esperamos que você tenha gostado desse guia sobre cidades inteligentes! Confira também nosso guia completo sobre empreendedorismo!