Saiba o que é diversidade familiar e como trabalhar este tema na educação infantil

Saiba o que é diversidade familiar, qual a importância de conversar sobre o tema com as crianças e de que formas isso pode ser feito!
Diversidade familiar: duas mães com filho

A diversidade familiar é a realidade da maior parte das famílias no Brasil. Ela diz respeito àquelas configurações familiares que não seguem o modelo tradicional – formado por um casal heteroafetivo, com filhos.

Como exemplos desta diversidade, temos: casais homoafetivos, filhos adotivos, mães solo, entre muitos outros. Apesar de constituírem a maioria, estas famílias ainda sofrem muito preconceito. Ele está associado a outras opressões, como a LGBTfobia e o machismo. 

Neste contexto, a escola é um instrumento importante para demonstrar, desde a infância, outras configurações familiares como legítimas. Assim, ela incentiva a tolerância, o respeito às diferenças e combate preconceitos.

Inclusive, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe que a escola deve valorizar a diversidade de indivíduos, sem preconceitos de origem, etnia, orientação sexual, gênero, entre outros.

Neste artigo, você vai saber mais sobre o tema. Explicaremos o que é diversidade familiar, a importância de trabalhar este assunto na escola e dicas de como colocar isso em prática na educação infantil. Tenha uma ótima leitura!

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Qual é o conceito de família?

Não é possível apresentar um conceito único e absoluto de família. Trata-se de um fenômeno em constante transformação, a partir das mudanças sociais.

O professor Carlos Roberto Gonçalves explica em “Direito Civil Brasileiro – Direito de Família” que a Constituição Federal e o Código Civil se reportam à família e estabelecem a sua estrutura, sem, no entanto, defini-la, uma vez que não há identidade de conceitos.

De modo geral, podemos pensar na família como um dos primeiros ambientes de socialização da pessoa, que atua como mediadora de influências culturais. As relações que se estabelecem neste contexto têm um papel relevante para o desenvolvimento psicossocial do indivíduo.

Na obra “Direito das Famílias”, Dimas Messias de Carvalho afirma que o conceito moderno de família é marcado pelos laços afetivos entre seus membros, parentes ou não, que reciprocamente se enxergam e se consideram como entes familiares, independentemente da orientação sexual.

O que é diversidade de família?

Para entendermos o que é a diversidade familiar, precisamos, antes, compreender o modelo tradicional de família. Este é aquele composto por um casal heteroafetivo – isto é, formado por um homem e uma mulher — com filhos biológicos.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), este era o formato predominante em 1995, correspondendo a 57,7% das famílias. Entretanto, este número passou para 42,3% em 2015, de modo que hoje predominam famílias que não seguem este modelo.

Portanto, a diversidade familiar diz respeito às configurações familiares que escapam do modelo tradicional. Por exemplo, as famílias formadas por casais homoafetivos, mães solo, pais divorciados, pais com filhos adotivos… enfim, são muitas as possibilidades.

Apesar da diversidade familiar ser uma realidade, existe ainda muito preconceito com famílias que não seguem o formato tradicional. Por vezes, os modelos familiares que nos são apresentados desde a infância são pouco diversos: seguem a estrutura de casais heteroafetivos, com filhos.

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Qual a importância de trabalhar a diversidade familiar na escola?

As famílias que não seguem o formato tradicional, com frequência, são invisibilizadas. A literatura que é consumida no contexto escolar pode reforçar estereótipos, criando nas crianças a ideia de que a única forma possível de ser é aquela tradicional.

Ou seja, a família tradicional pode ser apresentada como o único modo legítimo. Podemos refletir de modo mais amplo. Pense, por exemplo, nos modelos de família que foram apresentados a você durante sua infância: seja nos livros, filmes ou telenovelas. 

Frequentemente, são histórias de homens e mulheres brancos que se apaixonam, casam e têm filhos, certo? Além disso, o papel de chefe da família é atribuído ao homem. 

Tudo isso pode contribuir para aumentar o preconceito contra famílias que escapam dessa lógica. As crianças podem crescer com crenças de que os outros modos de família são “anormais”. 

Neste contexto, é papel da escola demonstrar que outras famílias são possíveis, e que isso é legítimo. Dessa forma, ela cumpre uma importante função social, incentivando valores de tolerância e respeito às diferenças.

Em um aspecto mais amplo, isso também é importante para combater preconceitos, como a LGBTQIA+fobia, o machismo e o racismo. 

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Como trabalhar a diversidade na educação infantil?

Pode ser um desafio aos educadores saber como trabalhar a diversidade na educação infantil. Na lista abaixo, separamos 3 atividades que podem auxiliá-los neste momento. Confira:

  1. Contação de histórias;
  2. Rodas de conversa;
  3. Eventos com as famílias.

Saiba mais:

1. Contação de histórias

Como vimos, frequentemente, os modelos apresentados nos livros de literatura infantojuvenil são aqueles compostos pela família tradicional. 

Por isso, os educadores podem fazer uma atividade de contação de histórias que mostrem diversos tipos de família. Isso faz com que as crianças entrem em contato com uma pluralidade de configurações familiares, entendendo todas como legítimas. 

Neste processo, os professores precisam selecionar bons livros infantojuvenis. O livro “Malu e suas mães”, escrito por Nanda Mateus e Raphaela Comisso, é uma excelente opção.

Nele, os pequenos acompanham a rotina da garotinha Malu, que tem duas mães. Com as ilustrações de Veridiana Scarpelli, as crianças conhecem o dia a dia dessa família repleta de carinho e diversidade. A leitura desta obra destaca que, em cada lar, o amor se manifesta de maneira especial. 

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2. Rodas de conversa

Os educadores também podem promover rodas de conversa, que incentivem o debate sobre o tema da diversidade. É possível fazer isso de uma maneira lúdica.

Por exemplo, utilizando elementos como vídeos, imagens e até brinquedos, para que as crianças notem que as pessoas são diferentes umas das outras.Neste contexto, é aberto o espaço para que o educador demonstre a importância de olharmos para as nossas diferenças com respeito e acolhimento

3. Eventos com as famílias

Por fim, a escola pode promover eventos com as famílias, para que as crianças vejam outras configurações familiares, diferentes das suas.

Os pais podem ser convidados a contar um pouco mais sobre a formação das suas famílias, e como é a sua rotina. Neste momento, podem trazer fotos, por exemplo, e envolver as crianças na conversa.

Assim, os pequenos têm uma experiência de contato com o diferente, entendendo sua história, individualidade e ponto de vista. Depois, os educadores podem incentivar que as crianças falem sobre como foi esta experiência, reforçando seus objetivos pedagógicos.

Esperamos que você tenha gostado deste artigo sobre diversidade familiar. Continue no nosso blog, e descubra 5 formas de promover diversidade e inclusão nas empresas!

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