Entenda qual é a relação entre ESG e compliance nas empresas!

Você sabe quais as relações entre ESG e compliance? E os benefícios da estruturação destes setores? Continue a leitura e entenda!
ESG e compliance: ícones de aprovação em frente a computador

Hoje, muitas empresas têm voltado a sua atenção para dois setores específicos: ESG e compliance. A preocupação com essas áreas se insere em um contexto mais amplo: os desafios enfrentados por nossa sociedade na atualidade.

Entre eles, estão a desigualdade social e a crise ambiental. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) coloca entre seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a redução das desigualdades, o consumo e a produção responsáveis e a ação contra a mudança climática. 

Neste quadro, as empresas, cada vez mais, têm buscado fazer a sua parte. Elas não devem operar visando apenas ao lucro, e sim com responsabilidade social e ambiental, construindo políticas efetivas neste sentido.

As áreas de ESG e compliance vêm justamente para garantir ações nessa direção. O ESG concentra os pilares ambiental, social e de governança, enquanto o compliance garante que a empresa esteja em conformidade com as leis. 

Dentro das companhias, você sabe quais as relações entre ESG e compliance? E os benefícios da estruturação destes setores?

Neste artigo, responderemos a estas perguntas. Passaremos pelos conceitos de ESG e compliance, explicando suas funções, relações e as vantagens obtidas pelas empresas que contam com esses departamentos. Boa leitura!

O que é ESG?

De modo geral, ESG são as melhores práticas empresariais, a fim de garantir que a companhia tenha responsabilidade social, ambiental e seja bem gerenciada.

Em inglês, o acrônimo ESG junta os três pilares dessas práticas: 

  • Ambiental (em inglês, Environmental);
  • Social;
  • Governança (em inglês, Governance).

Na atualidade, o ESG é considerado essencial para a sobrevivência das empresas. Isso porque os investidores observam a existência desses princípios nas companhias, antes de alocar seus recursos.

As instituições não operam unicamente em uma lógica de lucro, e consideram a sua influência social e ambiental, agindo com responsabilidade nesses âmbitos.

Por isso, o ESG é um aspecto essencial na tomada de decisão dos gestores. Eles consideram os impactos socioambientais de seus negócios, agindo com responsabilidade social corporativa.

Assim, melhoram sua reputação, e ganham confiança no mercado, tanto de investidores, quanto dos consumidores. 

Os 3 pilares essenciais do ESG

Como dissemos, os pilares do ESG são:

  • Ambiental;
  • Social;
  • Governança.

Agora, saiba mais sobre cada um:

Ambiental

Este pilar está atento aos impactos ambientais das atividades da empresa. O setor de ESG busca reduzi-los o máximo possível, buscando sempre opções mais sustentáveis.

Desse modo, entre os aspectos observados estão: reciclagem do lixo, economia de água, educação ambiental da equipe, busca por um ciclo de produção sustentável (fiscalizando fornecedores, por exemplo), entre outros.

Social

Já o pilar social preocupa-se com o bem-estar dos funcionários, e de qualquer pessoa envolvida nas atividades da instituição. Deve-se garantir condições dignas de trabalho, com boa remuneração, e, é claro, o respeito aos direitos humanos.

As companhias também devem prezar pela diversidade cultural no ambiente de trabalho, com políticas efetivas de inclusão e de combate a preconceitos. Também devem se mostrar abertas para ouvir seus funcionários, incentivando o diálogo e a negociação.

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Governança

Enfim, a governança diz respeito a como a empresa é administrada por seus gestores. Este pilar se relaciona com os demais, afinal, demonstra os impactos das preocupações social e ambiental na tomada de decisão.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), são quatro princípios essenciais da governança: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. 

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Qual é o conceito de compliance?

Compliance diz respeito a estar em conformidade com as normas e legislações vigentes. Ou seja, é uma área preocupada com o cumprimento das responsabilidades legais de uma instituição.

O termo compliance vem do inglês comply, que significa cumprir, obedecer. Dessa forma, as empresas elaboram um conjunto de regras e princípios, que garantam que suas práticas estejam de acordo com a legislação.

Além disso, a companhia pode desenvolver políticas internas, e também visar ao cumprimento delas. Como, por exemplo, ações de transparência, segurança e apuração de faltas. 

Entre as ferramentas de compliance, estão: auditorias, códigos de ética, diretrizes, incentivo à denúncia de irregularidades, entre outros.

Qual é o papel de compliance?

Em Compliance como boa prática de gestão do ensino superior privado, os autores Daniel Cavalcante Silva e José Roberto Covac afirmam:

Quando uma instituição está em conformidade (compliance), ela dissemina a ética, mitiga riscos, age com transparência, monitora seus colaboradores e clientes, e comunica as faltas de conformidade às autoridades competentes, contribuindo para o bom funcionamento do sistema e evitando sua utilização em fraudes ou outras inconformidades” (SILVA & COVAC, 2015, p.44;) (destaques nossos).

Isto é, o compliance tem um importante papel ético, ao demonstrar que a empresa está atenta às normas regulatórias, e as cumpre com afinco. Também diminui riscos, como, por exemplo, de sanções legais, que poderiam trazer grandes perdas financeiras para a instituição. 

Como consequência também dessas penalidades, temos a perda da reputação da empresa. Afinal, ao ser punida, a companhia demonstra que não obedeceu à legislação, o que acarreta numa diminuição da confiança de consumidores e investidores. 

Como ESG e compliance se relacionam?

Agora que você entendeu os conceitos de ESG e compliance, podemos responder à pergunta: qual a relação entre essas duas áreas?

Na lista abaixo, confira alguns aspectos desta interação:

  1. Conformidade com a legislação ambiental e trabalhista;
  2. Códigos internos;
  3. Ferramenta de governança.

Entenda em detalhes

1. Conformidade com a legislação ambiental e trabalhista

Como vimos, dois dos pilares do ESG são: ambiental e social. Nos dois casos, as empresas devem seguir regulamentações externas.

Do ponto de vista do meio ambiente, hoje nós temos uma série de leis que regulam a nossa relação com os recursos naturais. Já no pilar social, as instituições devem estar de acordo com a legislação trabalhista, que estabelece uma série de deveres aos empregadores.

Aqui, fica evidente a relação: são as práticas de compliance que garantirão que a empresa esteja em conformidade com as leis ambientais e trabalhistas. Isto é, o compliance garante o pleno funcionamento do ESG.

Portanto, as duas áreas caminham juntas, a fim de assegurar que a empresa siga todos os parâmetros ambientais e trabalhistas.

2. Códigos internos

No atual contexto em que vivemos, as instituições devem tomar a linha de frente, entendendo seu papel social e ambiental, e executando ações efetivas neste sentido. Isto é, além da regulamentação externa, as empresas devem pensar em inovações, a fim de enfrentar a crise socioambiental, ao lado do setor civil.

Em ESG – Teoria e prática para a verdadeira sustentabilidade nos negócios, a professora Ana Cláudia Ruy Cardia Atchabahian afirma:

Por um lado, a sobrevivência planetária depende de uma mudança de paradigma por parte de todos os sujeitos e atores que compõem a sociedade internacional. Por outro, a sobrevivência de um negócio sob o ponto de vista econômico-financeiro é a chave para o estabelecimento de novos programas. 

É fato que empresas que hoje investem parte de seu capital e seus lucros em programas de ESG obtêm retorno financeiro superior àquelas que não contam com programas semelhantes em seus quadros internos” (ATCHABAHIAN, 2022, p.22; destaques nossos)

Na prática, isso significa o estabelecimento de códigos internos, com critérios e ações, para que a companhia tenha boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Mais uma vez, o compliance interage com o ESG, pois será o departamento responsável por garantir o pleno cumprimento das políticas internas. Ou seja, ele entra em ação para verificar se a empresa está caminhando de acordo com os seus valores. 

3. Ferramenta de governança

O compliance também é uma das principais ferramentas de governança, de modo a assegurar que a empresa não corra riscos desnecessários, cuide de sua reputação e esteja alinhada a seus valores.

No livro ESG e Compliance – Interfaces, Desafios e Oportunidades, os advogados Terence Trennepohl e Natascha Trennepohl reúnem uma série de textos de especialistas sobre a tríade ESG e sua relação com o compliance.

Em um dos artigos, Natascha Trennepohl, Flávia Regina Ribeiro da Silva Villa e Camila Laragnoit afirmam:

Governança deve ser um mecanismo que traz mais formalidade aos processos internos (compliance), tirando a pessoalidade das decisões, gerando confiança nos stakeholders externos e senso de pertencimento aos stakeholders internos. 

E o compliance ambiental está na agenda de debates da administração, seja por força da legislação em vigor, seja por pressão de stakeholders externos” (TRENNEPOHL, SILVA & LARAGNOIT, 2023; destaques nossos).

Deste modo, o compliance tem relação próxima com a governança, gerando confiança, segurança legal, e tirando a pessoalidade das decisões.

Se você deseja saber mais sobre este assunto, não deixe de conferir a obra ESG e Compliance – Interfaces, Desafios e Oportunidades. Nela, você encontrará um panorama completo e multifacetado, escrito por diversos especialistas no tema.

Publicado pela Saraiva Jur, selo que tem experiência na produção de livros para advogados, este título ajudará o leitor a navegar no complexo cenário dos negócios. Assim, ele conseguirá atuar de modo a promover a responsabilidade corporativa e contribuir para um futuro mais sustentável.

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Quais são os benefícios do ESG e do compliance na empresa?

Quer entender mais a fundo quais são as vantagens do ESG e compliance para sua instituição? Separamos alguns dos benefícios abaixo:

  1. Contribuição para o desenvolvimento sustentável;
  2. Melhoria da reputação;
  3. Confiança dos investidores;
  4. Criação de um ambiente saudável;
  5. Diminuição de riscos legais e financeiros.

Compreenda em detalhes:

1. Contribuição para o desenvolvimento sustentável

Como vimos anteriormente, a sobrevivência do planeta depende de uma mudança de paradigma por parte das empresas.

Quando os negócios buscam boas práticas ambientais, estabelecendo políticas e códigos internos nesse sentido, eles estão contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Assim, eles assumem a sua responsabilidade no enfrentamento da crise ambiental.

O compliance ambiental é o setor responsável por garantir que a companhia esteja em conformidade com nossa legislação específica e com os valores da instituição.

2. Melhoria da reputação

Como dissemos anteriormente, boas ações de ESG melhoram a reputação de uma empresa. Ela é vista como mais confiável por seu público-alvo, pois traz os pilares do ESG para o debate, e também toma ações efetivas nesse sentido.

Afinal, estes assuntos são muito debatidos hoje na esfera pública. Cada vez mais, os consumidores estão atentos ao posicionamento das marcas sobre temas como direitos humanos, inclusão, diversidade e sustentabilidade.

Quando um negócio tem boas práticas nessas áreas, ele demonstra que está atento às demandas sociais, atuando com responsabilidade. Isso contribui para que o público confie mais nele, melhorando sua reputação.

3. Confiança dos investidores

Por consequência do item anterior, os investidores têm maior confiança na empresa, alocando seu dinheiro com maior tranquilidade. Sólidas áreas de ESG e compliance também atraem mais investidores.

Isso porque elas são indicadoras de uma atuação transparente, ética, e com responsabilidade socioambiental. Dessa forma, o retorno dos investimentos é mais garantido. Hoje, inclusive, existem indicadores específicos para medir o ESG de uma companhia.

4. Criação de um ambiente saudável

ESG e compliance também demonstram uma preocupação institucional com seus funcionários. A empresa enfatiza a importância do bem-estar no trabalho, criando canais de diálogo, ouvindo e negociando com seus colaboradores.

Ademais, remunera adequadamente, e tem ações de diversidade e inclusão. Tudo isso contribui para a criação de um ambiente saudável, no qual os funcionários se encontram motivados, e alinhados com os valores da companhia. 

5. Diminuição de riscos legais e financeiros

O compliance garante que a empresa não corra riscos desnecessários. Isso porque os advogados deste setor trabalham para que a instituição esteja de acordo com todas as normas que regulam as atividades do negócio.

Desse modo, a companhia previne gastos indesejados. Por exemplo, o pagamento de multas. Também evita a abertura de processos judiciais contra ela, que, além de gerar despesas extras, podem contribuir para diminuir a confiabilidade da instituição. 

Esperamos que você tenha gostado deste artigo sobre ESG e compliance. Agora, continue no blog e leia sobre 5 dicas de como implementar a sustentabilidade empresarial!

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