Conheça e aplique a gamificação!

Gamificação: Mulher joga no celular

A gamificação tem sido amplamente empregada nos últimos tempos, nas mais diversas áreas e tipos de atividades: educação, saúde, mobilidade, atendimento ao cliente etc. O uso de técnicas presentes nos games em situações de “não jogo” ajuda a motivar as pessoas e tornar as tarefas mais prazerosas.

Ao participar de um treinamento corporativo, por exemplo, os colaboradores de uma empresa se sentirão mais engajados a tomar parte em uma atividade dinâmica e competitiva do que em uma mera obrigação imposta por sua liderança.

O mesmo acontece em sala de aula. Se considerarmos os jovens da geração Z, que estão sempre conectados e consumindo conteúdos rápidos, a tendência é que tenham mais facilidade em aprender um determinado conteúdo a partir de um quiz educativo para testar os seus conhecimentos do que da leitura de um longo artigo.

Quer outro exemplo? Considere um treinamento com foco em vendas! A partir da característica lúdica da gamificação, o colaborador irá se interessar mais pelas tarefas, treinar as suas habilidades e aprender novas técnicas de tratamento com os clientes. Tudo isso de forma dinâmica e de fácil memorização.

Bem, agora que você já viu algumas das possibilidades de aplicação da gamificação, que tal entender melhor como ela funciona?

Continue a leitura!

O que é gamificação?

A gamificação consiste no emprego de técnicas comuns ao universo dos games em situações em que não há um jogo envolvido. O termo é uma adaptação do inglês – gamification.

Trata-se de uma forma de adaptar uma característica que aparece em jogos para um contexto distinto, a fim de motivar as pessoas envolvidas ou tornar uma tarefa mais prazerosa

Na sala de aula, como já pontuamos, a gamificação na educação pode ser utilizada para tornar a experiência de ensino-aprendizagem mais divertida e leve. Neste sentido, o uso do storytelling é também fundamental para despertar o interesse dos “jogadores”.

Para convencer os participantes, independentemente do contexto (sala de aula, ambiente corporativo, SAC etc.), a realmente “mergulhar” no game, é preciso fazer com que ele se sinta envolvido por uma narrativa. 

Ou seja, que estabeleça algum tipo de conexão emocional com a história, capaz de motivá-lo a solucionar os desafios propostos e acreditar que vale a pena investir o seu precioso tempo nesta jornada.

Afinal, qual a diferença entre jogo e gamificação?

A principal diferença entre jogo e gamificação é que o primeiro possui apenas a finalidade de entreter e trata de situações que estão fora da realidade dos participantes. Já a gamificação, como você viu, utiliza a mesma mecânica dos jogos para atingir objetivos reais e que são parte do cotidiano dos participantes.

Ou seja, a gamificação não se limita a divertir as pessoas, mas sim a motivá-las a atingirem metas específicas, com consequências concretas em suas vidas.

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Quais são os principais benefícios da gamificação?

Se você chegou até aqui, é possível que já tenha entendido que as estratégias de gamificação apresentam uma série de benefícios em suas diversas possibilidades de aplicação.

Confira alguns deles a seguir:

  • Eleva o engajamento, ou seja, o nível de envolvimento do participante com o tema proposta;
  • Promove o aprendizado e torna conteúdos complexos mais facilmente assimiláveis;
  • Ajuda a solucionar problemas e transformar tarefas obrigatórias em atividades mais envolventes;
  • Estimula a competição saudável;
  • Ajuda na construção de propósito para a realização de uma determinada atividade;
  • Reduz o estresse e torna o ambiente mais descontraído;
  • Pode ser usada em diferentes realidades e setores: educação, saúde, segurança, causas sociais, marketing, ambiente empresarial etc.

Quando pensamos especificamente na área da educação, a gamificação é importante para tornar o ensino mais prazeroso, ajudar o aluno a evoluir mais rápido, abrir espaço para a participação, favorecer a adaptação e melhorar os resultados gerais dos estudantes.

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Construção de narrativa na gamificação

No livro Narrativas e Personagens para Jogos, os autores Ernane Alves Guimarães Neto e Leonardo Souza de Lima refletem sobre o papel da narrativa no universo dos jogos:

“A palavra narrativa é usada tanto para contos quanto para filmes ou jogos, porque, mesmo que não haja uma pessoa a contar o “caso”, mesmo que não haja um narrador explícito, há o discurso. 

Por meio das formas que escolhem para o cenário e para as personagens, por meio do modo pelo qual se desenrolam as ações, os autores constroem um discurso, de maneira não muito diferente daquela de um contador de anedotas, que escolhe o jeito certo de tornar sua história mais interessante para cada ocasião”.

Os autores explicam que uma das palavras mais utilizadas para descrever a diferença entre o jogo e outras formas narrativas é a imersão. Observe:

“Por conta de seu alto grau de interatividade, o jogo permite que o usuário “mergulhe” na história com mais intensidade. A descrição de um mundo de ficção em um livro pode ser muito estimulante para a imaginação, mas cada leitor vai mergulhar em uma imagem mental; as imagens dos jogos são mais concretas. 

Um filme também usa imagens e sons, mas o espectador observa passivamente o que acontece; num jogo, o usuário pode “testar” o mundo para ver o que acontece com a história, vencendo e perdendo, explorando o ambiente etc.”, pontuam.

Pensando nisso, ao se construir uma estratégia de gamificação, é necessário ir além do entretenimento e estabelecer um meio ou ambiente com que os jogadores (sejam eles alunos, colaboradores de uma empresa, clientes de um negócio ou cidadãos comuns) se sintam familiarizados. 

Isso significa criar missões que sejam, de fato, adequadas às suas competências e permitam um engajamento real

Gamificação: é tudo sobre a experiência!

No livro Narrativas e Personagens para Jogos, os autores ressaltam que o que importa é a experiência! Observe: 

“Na maioria dos jogos comerciais, a proposta é ‘viver’ a experiência. Ser momentaneamente um herói, um piloto, um soldado. Por meio dos jogos, podemos fazer o impossível e viver em lugares que nem sequer existem”.

(…) o que importa na narrativa não é tanto a mensagem, mas a experiência. Nesse caso, queremos acreditar na realidade daquele mundo e das personagens que o habitam”.

A esse respeito, os autores explicam que, na prática, um mesmo jogo combina duas formas distintas de narrar: a narrativa autoral e a narrativa emergente.

  • Narrativa autoral: “há uma história ficcional, criada por um roteirista, que pode ter um ou mais finais. É a ‘história do jogo’; por exemplo: ‘Mario é um sujeito bigodudo que sai para salvar a princesa. Depois de buscá-la em vários castelos, ele a recupera e se torna um herói’. Também conhecida como narrativa integrada ou narrativa embutida”;
  • Narrativa emergente: “o jogador é coautor. Para quem joga, é uma história ‘real’, no sentido de se tratar da crônica de uma experiência de jogo. O jogador mergulhou no jogo e, daquela experiência, emerge uma história singular: ‘Eu tive dificuldade no primeiro castelo, depois fiquei acostumado. O chefão final deu trabalho, mas consegui salvar a princesa'”.

Vale destacar que a construção da narrativa em um jogo ou estratégia de gamificação não precisa ser necessariamente explícita, como uma história. Também pode ser implícita, isto é, a experiência possui um propósito por si só

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Gamificação: 4 elementos que um jogo precisa ter

Já que acabamos de falar sobre a importância do storytelling (ou da construção de uma boa narrativa) para um jogo, o próximo passo é indicarmos os elementos-chave para a sua elaboração.

Estamos nos referindo a aspectos que farão com que os participantes se mantenham engajados do início ao fim do jogo ou da estratégia de gamificação. São eles:

  1. Cenários;
  2. Avatares;
  3. Missões, desafios e feedbacks;
  4. Pontuações e recompensas.

Confira a seguir:

1. Cenários

Trata-se do espaço virtual em que a história acontece, a partir do qual o jogador começa a entrar em uma experiência imersiva. É exatamente por isso que ele precisa ser visualmente atrativo, de modo que os jogadores se sintam interessados em passar pelas diferentes missões propostas.

2. Avatares

Os avatares são a representação visual dos jogadores. Eles dão aos participantes do game a oportunidade de escolher a figura com que mais se identificam para representá-los.

Deste modo, é preciso que os avatares sejam plurais e diversos, capazes de abarcar a representatividade de diferentes etnias, biotipos, estilos etc.

3. Missões, desafios e feedbacks

Desafios e feedbacks são dimensões presentes em qualquer jogo. As tarefas precisam fazer com que o aspecto lúdico e pedagógico da estratégia de gamificação andem lado a lado, de modo que os participantes adquiram aprendizados ou desenvolvam novas habilidades.

Vale reforçar que as atividades propostas devem ser compatíveis com os seus conhecimentos prévios e a sua realidade!

4. Pontuações e recompensas

Toda competição estabelece um sistema de bonificação, certo? Este é o grande motivador que mantém os participantes engajados na dinâmica proposta.

Diante disso, a gamificação pode incentivar o cumprimento das tarefas por meio de um ranking, em que cada jogador pode acompanhar o seu desempenho ou evolução ao longo de sua jornada na estratégia de gamificação.

Gamificação e mecânicas de jogo

Além dos elementos narrativos que acabamos de abordar, é importante falarmos também sobre as principais mecânicas envolvidas no universo dos jogos. Confira-as a seguir:

  • Aquisição de recursos: o participante do jogo pode coletar alguns itens (ou receber dicas) que o ajudem a atingir os seus objetivos;
  • Feedback: os jogadores têm a possibilidade de verem como estão progredindo no jogo;
  • Chance: os resultados da ação do jogador são inesperados, de modo a construir uma sensação de surpresa, incerteza e expectativa;
  • Competição: é estabelecido um sentimento de vitória/derrota;
  • Desafios: objetivos definidos para o jogador;
  • Recompensas: como indicamos, trata-se daquilo que o jogador ganhará se for bem-sucedido no jogo (pontuação, prêmio, etc.);
  • Transações: compra, venda ou troca de algo entre os jogadores;
  • Turnos: em um jogo coletivo, é o tempo/oportunidade que cada jogador tem para jogar;
  • Vitória: estado que define que alguém ganhou o jogo.

Tipos de motivação na gamificação

Como você pôde ver até aqui, gamificação tem tudo a ver com motivação

Nesse sentido, os autores do livro Narrativas e Personagens para Jogos explicam que: 

“A função de sua narrativa determina quais vão ser os elementos motivadores das personagens. Serão as personagens peças de um ensinamento moral? Nesse caso, será imprescindível saber qual é a moral da história, para melhor compor as personagens. 

Se o modelo que sua narrativa segue for o da verossimilhança, personagens mais complexas poderão ser mais interessantes. Seja qual for o caso, é preciso saber o que move as personagens, sua motivação: quais são seus objetivos para a história e para o leitor (ou espectador, ou jogador)”.

Diante disso, vamos nos voltar rapidamente aqui a dois tipos de motivação que são comumente observados: a intrínseca e a extrínseca.

É importante entendê-las porque elas refletem a premissa de que cada indivíduo possui características diferentes. Portanto, as ações desenvolvidas a fim de motivá-los, como as estratégias de gamificação, devem abarcar uma compreensão mais profunda desses aspectos.

Motivação intrínseca

A motivação intrínseca é aquela que vem do interior do indivíduo. Ou seja, para ter um bom desempenho nos estudos ou no local de trabalho, por exemplo, os resultados precisam estar de acordo com as suas convicções.

As crenças mais enraizadas das pessoas costumam ser os fatores motivacionais mais contundentes. Neste sentido, as pessoas movidas pela motivação intrínseca tendem a exprimir qualidades comuns, como curiosidade, honra e desejo de alcançar o sucesso.

Elogios e feedbacks positivos são capazes de aumentar a motivação intrínseca. Por isso, é importante que estejam presentes em estratégias de gamificação. Contudo, ao “pesar a mão” em algum desses elementos, corre-se o risco de que o jogador perca a motivação.

Motivação extrínseca

Esta é a motivação estimulada por fatores externos, como recompensas e reconhecimento. Bônus, benefícios e prêmios são formas de despertar a motivação extrínseca.

O ideal é que exista um equilíbrio entre esses dois tipos de motivação apresentados. Pensando em gamificação, é preciso definir um objetivo claro para desenvolvê-la e incentivar os participantes a alcançarem as metas estabelecidas. 

E, então, gostou de aprender mais sobre gamificação? Continue no nosso blog, pois temos vários artigos educativos como este! Aproveite para conferir o nosso guia sobre design thinking!

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