A preocupação das empresas com pautas e estratégias ambientais, sociais e econômicas tem se intensificado nos últimos anos. Afinal, dificilmente uma empresa que não está inteirada destes temas conseguirá se manter forte no mercado. Mas além de implementar boas ações, é fundamental contar com um relatório de sustentabilidade.
Esse relatório de sustentabilidade é fundamental para saber se suas medidas estão de fato funcionando, além, é claro, para divulgar esse desempenho. Mas do que ele se trata? Neste texto abordaremos o relatório de sustentabilidade, passando por seu conceito, modelos, critérios, desafios e mais. Boa leitura!
O que é um Relatório de Sustentabilidade?
Um relatório de sustentabilidade é uma ferramenta utilizada para apresentar informações detalhadas sobre as práticas, metas e desempenho de uma organização em relação a questões Ambientais, Sociais e de Governança (ESG, na sigla em inglês). Sendo assim, este documento oferece uma visão completa das ações da empresa, buscando:
- minimizar seu impacto ambiental;
- promover a equidade social; e
- garantir boas práticas de gestão corporativa.
Com um formato bem amplo, esse relatório destaca as iniciativas e resultados alcançados pela empresa em áreas como:
- redução de emissões de carbono;
- gestão eficiente de recursos naturais;
- promoção da diversidade e inclusão;
- bem-estar dos funcionários;
- engajamento com comunidades locais; e
- transparência na tomada de decisões.
Com o compartilhamento das informações sobre seu compromisso com a sustentabilidade, a empresa demonstra responsabilidade social-corporativa e ética. Deste modo, consegue transmitir para investidores e potenciais clientes que é engajada nesses temas, atraindo bons olhares.
O relatório de sustentabilidade funciona como um instrumento de prestação de contas, permitindo que os stakeholders avaliem o impacto real da empresa no meio ambiente e na sociedade. Assim, eles podem acompanhar seu progresso em direção a um futuro mais sustentável.
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Quais os benefícios do relatório de sustentabilidade?
Ter um relatório de sustentabilidade já é importante por si só, afinal, indica que uma empresa se preocupa com o meio ambiente e outros temas sociais. Mas além disso, ele também melhora sua imagem, tanto para investidores, quanto para clientes e colaboradores.
A Partir destes pontos, podemos identificar diversos outros benefícios. Confira agora os oito principais que separamos para você:
1. Ser transparente
2. Melhorar a imagem
3. Fortalecer a cultura empresarial
4. Ter mais competitividade
5. Assegurar conformidade com as normas
6. Aumentar a produtividade
7. Localizar riscos e oportunidades
8. Informar investidores
1. Ser transparente
Realizando um relatório de sustentabilidade a empresa mostra o quão se preocupa com temas fundamentais para a sociedade, indicando como se posiciona em diversas pautas. O interessante é que essa transparência envolve ações e resultados, não ficando apenas nas ideias, e sim mostrando como se tem colocado a mão na massa.
2. Melhorar a imagem
Se a empresa é transparente com suas práticas relacionadas à questões ambientais, sociais e de governança, isso certamente irá trazer uma boa impressão sobre ela. Quanto mais engajada e efetiva for, mais será admirada por clientes e investidores.
3. Fortalecer a cultura empresarial
Ao demonstrar o que tem sido feito na empresa, sua cultura acaba sendo fortalecida, pois assim os colaboradores veem, na prática, o que está sendo defendido. A missão, visão e valores são de fato mostrados, indicando qual o posicionamento do negócio e o quanto está engajado.
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4. Ter mais competitividade
Com um mercado competitivo, é fundamental se destacar para ganhar espaço, e essa pode ser uma ótima forma. Atualmente, as pessoas buscam por empresas engajadas, que além do lucro mostram que se importam com o meio ambiente e com questões sociais.
5. Assegurar conformidade com as normas
Para além da escolha de apostar em práticas relevantes, seja por convicção ou para ajudar na imagem, há ainda aquelas que devem ser tomadas por obrigação legal. Assim, um relatório de sustentabilidade ajuda que as empresas estejam em conformidade com as normas e leis ambientais.
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6. Aumentar a produtividade
Com uma preocupação com pautas ambientais, principalmente quando pensamos em redução de resíduos, há uma diminuição dos desperdícios. Deste modo, é possível ter um trabalho mais eficiente, atenuando os gastos e aumentando a produtividade.
7. Localizar riscos e oportunidades
Ao mensurar o desempenho ambiental, social e econômico, a empresa localiza pontos críticos — que precisam ser observados — e novas possibilidades. Um relatório de sustentabilidade pode ajudar a descobrir oportunidades, trazendo outros caminhos.
8. Informar investidores
Além de valorizar boas práticas corporativas, os investidores também precisam saber o que está acontecendo, para verificar se o negócio de fato vale a pena. Essa “prestação de contas” deixa, aqui, de ser uma opção e se torna uma necessidade.
Conheça os padrões e diretrizes para elaboração do relatório
Uma dificuldade ao estabelecer um relatório de sustentabilidade vem antes mesmo de começar o trabalho, com a escolha de qual estrutura será utilizada para informar o desempenho de sustentabilidade de uma empresa. Isso se dá pela quantidade de modelos disponíveis, que precisam ser conhecidos para tomar uma decisão bem embasada.
Apesar de ser vantajoso não precisar criar um relatório do zero e ter opções de modelos, essa quantidade de escolhas possíveis pode atrapalhar caso não se opte pela melhor estrutura para determinada proposta. Assim, veja um pouco sobre cinco deles:
1. Carbon Disclosure Project (CDP)
2. Climate Disclosure Standards Board (CDSB)
3. Global Reporting Initiative (GRI)
4. Taskforce on Climate Related Disclosures (TCFD)
5. Value Reporting Foundation (VRF)
1. Carbon Disclosure Project (CDP)
O CDP é uma organização sem fins lucrativos que incentiva empresas e cidades a divulgarem suas informações sobre emissões de gases de efeito estufa, gestão da água e riscos relacionados às mudanças climáticas. Tem a pretensão de alcançar diversos públicos, como investidores e clientes, mas tem um enfoque restrito ao clima e ao meio ambiente.
2. Climate Disclosure Standards Board (CDSB)
O CDSB desenvolve padrões para incorporar riscos e oportunidades climáticas em relatórios financeiros, auxiliando empresas na prestação de contas transparente e na compreensão de seu impacto nos negócios. Assim como o CDP, também é voltado para o meio ambiente, mas, por outro lado, é feito pensando nos investidores.
3. Global Reporting Initiative (GRI)
A GRI é uma organização pioneira na promoção da elaboração de relatórios de sustentabilidade, sendo bastante respeitada por ser aplicada internacionalmente e por ser completa, com práticas ambientais, sociais e econômicas. Como é a que mais se destaca, abordaremos mais sobre ela durante o texto.
4. Taskforce on Climate Related Disclosures (TCFD)
A TCFD é uma iniciativa global — criada pelo Financial Stability Board (FSB) — que desenvolveu recomendações para empresas divulgarem informações financeiras relacionadas a riscos e oportunidades climáticas.
Sendo assim, promove uma profunda melhora na transparência e na tomada de decisões. Esse documento é como o da CDSB, voltado para investidores e centrado no meio ambiente.
5. Value Reporting Foundation (VRF)
A VRF é uma organização resultante da fusão entre o International Integrated Reporting Council (IIRC) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), que desenvolve padrões para relatórios que abordam tanto aspectos econômicos quanto de sustentabilidade, visando uma compreensão mais completa do desempenho das organizações.
Com essa estrutura, as empresas podem mensurar diversos aspectos do ESG, mas sua apresentação é pensada apenas nos investidores.
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Quais são os componentes essenciais do relatório de sustentabilidade da GRI?
Como você pôde ver, existem diversos modelos que podem ser escolhidos para realizar um relatório de sustentabilidade. Por isso, não há como falar de componentes específicos para isso, pois cada um possui um formato próprio.
Entretanto, para dar uma visão melhor sobre o relatório, falaremos um pouco mais da GRI agora, afinal, ela se destaca para as corporações. Criada em 1997, ela é pioneira nos relatórios de sustentabilidade, contando com a participação da Organização das Nações Unidas (ONU), o que explica o porquê de ser a mais utilizada.
Como trabalha com um conteúdo bem extenso, possui diversos cadernos que se aplicam em situações diferentes, devendo as empresas seguirem aqueles que se encaixam em sua realidade. Eles são divididos em três grupos:
Padrões Universais
São aqueles obrigatórios, pois se aplicam para todas as empresas que optam pela GRI. Aqui temos apenas três indicadores, sendo eles:
- Requisitos e princípios para utilização dos padrões GRI
- Divulgações sobre a comunicação da organização
- Divulgações e orientações sobre temas materiais da organização
Padrões Setoriais
Esse segundo grupo tem um número maior de cadernos, mas que serão menos utilizados pelas empresas. Isso se dá porque ele se divide por setores, isto é, cada indicador é desenvolvido para determinada área, como por exemplo petróleo e gás, carvão ou agropecuária, aquicultura e pesca.
Assim, uma empresa só deverá aplicar aquilo que está no caderno de seu setor. Esses padrões são sempre com dois dígitos, como 11, 12 e 13, enquanto o grupo anterior tinha um dígito só.
Padrões Temáticos
Por fim, temos os padrões temáticos, no qual as empresas precisam seguir todos aqueles temas que são relevantes para sua realidade. Se pensarmos em uma usina, por exemplo, alguns temas como relações de trabalho, energia renovável e resíduos seriam interessantes devido à sua atuação.
Numerado com três dígitos, seus cadernos podem ser facilmente identificados de acordo com sua centena. São elas:
- Série 200: normas relacionadas a tópicos econômicos.
- Série 300: normas relacionadas a tópicos ambientais.
- Série 400: normas relacionadas a tópicos sociais.
Qual a relação do relatório de sustentabilidade com a agenda ESG?
O relatório de sustentabilidade desempenha um papel crucial na integração da agenda ESG (Environmental, Social and Governance) nas práticas empresariais.
A sigla ESG refere-se a critérios ambientais, sociais e de governança que as empresas devem considerar em suas operações e tomada de decisões, a fim de garantir um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente.
Este relatório é uma ferramenta que permite às empresas divulgar suas ações e desempenho em relação a esses critérios, apresentando informações detalhadas sobre a gestão de questões ambientais.
Como, por exemplo, emissões de carbono e uso de recursos naturais, bem como práticas sociais, incluindo diversidade, saúde e segurança dos funcionários. Além disso, aborda tópicos de governança, como transparência e estrutura de liderança.
Ao criar um relatório de sustentabilidade alinhado com a agenda ESG, as empresas demonstram seu compromisso com a responsabilidade corporativa e a criação de valor a longo prazo. Isso atrai investidores éticos, consumidores conscientes e outras partes interessadas.
Com o relatório, há um fortalecimento da reputação das empresas e incentivo à sustentabilidade em diversos setores econômicos. Portanto, o documento atua como um veículo fundamental para comunicar, monitorar e melhorar o desempenho ESG de uma organização.
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Quais são os desafios na elaboração do relatório de sustentabilidade?
A elaboração de um relatório de sustentabilidade enfrenta diversos desafios, dos quais podemos destacar:
- a coleta de dados sobre as práticas ESG, que devem ser precisos e confiáveis, precisando de sistemas de monitoramento potentes;
- a definição de indicadores relevantes para avaliar o desempenho em áreas ambientais, sociais e econômicas, que deve ser feito observando a diversidade de setores e contextos;
- a garantia de transparência, pois as empresas podem enfrentar pressões para apresentar suas ações sob uma luz positiva, o que pode levar à omissão de informações críticas;
- a comunicação eficaz para diferentes públicos, cada um com diferentes níveis de conhecimento sobre sustentabilidade;
- a mudança de cultura organizacional para abraçar a sustentabilidade e a alocação adequada de recursos, sendo estes desafios internos;
- a ausência de padrões globais rígidos, que pode resultar em relatórios inconsistentes e não comparáveis entre empresas; e
- a evolução constante das prioridades ESG e das regulamentações.
Superar esses desafios requer compromisso, colaboração, investimento em tecnologia e uma visão completa para refletir com precisão o impacto da empresa e suas aspirações de sustentabilidade. É um trabalho longo, mas é um trabalho necessário!
Como elaborar um relatório de sustentabilidade?
Elaborar um relatório de sustentabilidade envolve algumas etapas essenciais, das quais podemos destacar:
- identificar as partes interessadas e determinar os temas relevantes para sua organização. Aqui, é preciso coletar dados precisos sobre as práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) e definir indicadores que permitam mensurar o desempenho em cada área;
- criar um plano de comunicação claro, considerando seu público-alvo. Deve-se organizar os dados e análises de maneira objetiva e coerente, destacando conquistas, desafios e metas. É interessante incluir exemplos concretos de ações e impactos.
- demonstrar o alinhamento com padrões reconhecidos, como os da GRI, contextualizando seu relatório com a visão e os valores da empresa. Seja transparente sobre os riscos e oportunidades identificados.
- manter a ferramenta atualizada, com feedback dos stakeholders para melhorar as edições futuras. Um relatório de sustentabilidade bem elaborado não apenas reflete o compromisso da empresa com a sustentabilidade, mas também fornece uma base sólida para melhorar continuamente o desempenho da ESG.
Esperamos que você tenha gostado do nosso texto e que os aprendizados sobre o relatório de sustentabilidade sejam úteis para o seu negócio. Agora, continue no blog para descobrir o que é compliance ambiental e conferir 5 benefícios de sua implementação!